Memórias de um exilado: O amor em três atos

“O amor refuta toda a lógica, a ciência e a racionalidade. Ele existe e ponto. E ofusca qualquer outra sensação. Não importa quão poderosa esta seja. Nada, nem ninguém é páreo para ele. É humanamente inútil tentar apagar a sua luz, pois ele inibe quaisquer formas de autodefesa. Ele baixa a nossa guarda. Provoca pane em todos os sentidos. Humanos ou inumanos.
E não adianta lutar. É, certamente, a arma mais poderosa já criada pela natureza em bilhões e bilhões de anos de evolução. Resistir só vai piorar a agonia. É uma guerra profundamente injusta. Nasce irremediavelmente perdida, pois não é travada num campo de batalha neutro. Não há confrontações em palcos externos, em teatros ao ar livre ou numa arena cheia de gladiadores e feras indomáveis, de onde podemos fugir por um acaso do destino. A confrontação do amor é uma guerra autofágica. Portanto, sem possibilidade alguma de triunfo. Ou se morre lentamente de amor, ou se morre. Não há quaisquer outras alternativas ou caminhos que nos conduzam a um diferente fim.”