Louis Garrel é um ator francês: Conto Coleção Identidade – Vol.2

Enquanto espera sua vez de subir ao palco, uma “acessora” de telemarketing tenta pensar em uma fantasia sexual que possa distingui-la da multidão.

“E que tal num balcão de boteco, desses bem sujos, com o último cliente, o bêbado da casa, ainda cochilando numa das mesas?
Ele abre a tela da apresentação em Power Point e começa a explicar a dinâmica para os novatos. Vejam bem, ele diz, Isto é mais uma coisa pra descontrair, gente. Não levem a sério. Ele, o filho da puta do meu chefe. Basta serem vocês mesmos, ele diz e anda de um lado a outro do palco balançando na mão o laser, com seu terno, seus óculos escuros. Vocês já tiveram muito treinamento sério esta semana, muitos foram embora no segundo dia ou no terceiro e vocês, os que ficaram, já ficaram por serem os melhores. Agora é hora de descontrair, e o que é dito nesta sala…
Fica nesta sala, todos respondem em coro.
Toda sexta-feira tem dinâmica e novos recrutas.
Não importa o que vocês disserem, gente, ele explica, Não estão mais sendo avaliados.
Que grande mentira.
Uma mulher bonita, mas maltratada, é a primeira a subir ao palco e encarar de cima todos os seus colegas, os recrutas, e a nós, os veteranos, que ficamos nas laterais do mesmo palco, enquanto Eduardo Fortes passa os slides de perguntas e lê em voz alta para que ela responda: Nome: Drielle Cristina Soares; Idade: vinte e quatro anos. Sonho de consumo: Uma casa na praia.
Pisco o olho para Talles, sentado atrás de mim. Eu tinha apostado que responderia casa na praia. Mas ele escreve, sério, num pedaço de papel e me passa: Não acabou ainda. (…)”

Este conto faz parte da Coleção Identidade. Saiba mais em www.amazon.com.br/colecaoidentidade