Federalismo & Agronegócio: Como a Covid–19 impactou o agronegócio nas regiões e estados brasileiros?

O Brasil não tem um agronegócio, mas vários—em setores e estados diferentes, e em macrorregiões também variadas. A capacidade do setor como um todo para vencer volatilidades de clima e de preço já é bem conhecida. O que se conhece menos é como essa “resiliência” do agronegócio se distribui pelo território.

Quando damos um ‘zoom’ na análise, e deslocamos a atenção para as distintas partes do país, o que podemos aprender sobre a performance do setor? A potência nacional do agro se distribui de forma equivalente entre os distintos estados? Se olharmos para cada uma das regiões, há variações de rendimento significativas ao longo do tempo? São Paulo, Minas e Rio de Janeiro passaram igualmente bem pela crise em 2020? E Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás? Enfim, compreender a capacidade do agronegócio brasileira implica também compreender como a sua “musculatura” se distribui pelo país.

Para jogar luz sobre as particularidades do corpo agro no Brasil, o livro aborda dados dos últimos 20 anos em grãos e pecuárias em três grandes campos: (1) produção e produtividade, (2) importação e exportação, (3) acesso ao crédito. Os dados são ainda desdobrados por estado em seis macrorregiões: além das 5 regiões políticas tradicionais (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), acrescentamos uma sexta, a fronteira agrícola “Matopiba”, com características peculiares.

Sinais vitais, como as vocações desenvolvidas e a própria resiliência do setor, são melhor percebidos entre a “fazenda” e o “país”, no intermezzo das regiões e dos estados. Nas últimas duas décadas, tendências particulares se formaram na organização do agronegócio em cada uma das macrorregiões examinadas. Essas características consolidadas também servem de base para interpretar, até o momento, como o agronegócio em cada parte do país tem avançado e reagido à crise.