É DE HOMENS QUE SE PRECISA!!!

Diógenes percorria as ruas de Athenas, de lanterna na mão, em pleno dia, procurando ineficazmente um homem perfeito.
Uma vez, no meio do mercado, exclamou:
– Homens, ouçam-me!
E, quando um grupo se formara à sua volta, disse com um tom de desprezo:
– Era por homens que eu chamava, não era por pigmeus.
Qualquer profissão, emprego ou carreira precisa de homens que não percam a sua individualidade perante as multidões; de homens que sejam persuasivos e não receiem dizer não,ainda que o mundo inteiro diga sim; de homens que, sem prejuízo dos altos desígnios de que estão animados, não permitam que a atividade demasiada de uma faculdade prejudique ou paralise o desenvolvimento das restantes, mutilando dessa maneira a sua equilibrada virilidade.
Precisa de homens superiores à sua vocação, homens que não considerem esta unicamente como meio de subsistência, mas que se sirvam dela, também, para cultivar a razão, fortalecer a vontade e disciplinar o caráter.
São os homens destemidos, sem ponta de covardia em qualquer dos seus aspectos, que nos fazem falta; homens equilibrados, sem fraquezas nem defeitos, que diminuam o seu valor ou neutralizem as suas capacidades; homens que estejam desenvolvidos harmônica e simetricamente, e não apliquem todas as suas energias a uma determinada qualidade, permitindo que as outras se atrofiem e morram; homens cuja amplitude espiritual não encare as coisas unilateralmente e exprimam as suas teorias com senso comum, de modo que a educação escolar não os inabilite para a vida prática; homens que prefiram a essência à circunstância, a realidade à aparência, e prezem o seu bom nome como um tesouro de extraordinário valor.
Precisa-se de homens que, longe de estarem enfraquecidos pelo ascetismo “exercício espiritual de devoção, de mortificação e meditação religiosa,” irradiem vida e entusiasmo, mas em que as paixões se tenham feito convergir disciplinadamente para o robustecimento da vontade e para a sutilização “aprimoramento” da consciência; homens que amem a beleza natural e artística, rejeitem o desprezível e respeitem os outros como a si mesmos; homens de uma educação integral, de sensibilidade delicada, entendimento agudo, penetrante e claro, mãos ágeis, vista perspicaz, atenta e microscópica, e coração terno, magnânimo e sincero.
É de homens assim que o mundo precisa. Ainda que haja milhões de desempregados, é quase impossível encontrar o homem apropriado para cada lugar, pelo que, por toda a parte, nos parece estarmos vendo um aviso que dissesse: Precisa-se de um homem!