As Crônicas da Observadora Crônica

Eu gosto de falar de coisas simples.
Do moço sentado no ponto de ônibus com o filho no colo.
Da moça de cabelos cacheados que lê romance no ônibus todos os dias.
Da flor que nasceu no vão dos azulejos do prédio cinza bem no centro da cidade.
Da senhora de vestido florido e casaco xadrez que olha pensativa para o nada.
Da moça que chora abraçada a uma amiga na calçada.
Da borboleta amarela que pousou no trinco do portão de casa.
Das flores lilases que nascem no meio do corredor da Avenida João Jorge.
Do pequeno ipê amarelo que luta para sobreviver no meio da avenida
congestionada, perto do Taquaral.

Sobre a Autora

Daíse, com o í bem forte mesmo. Não é Deise. Mas todo mundo erra e ela sempre corrije todo mundo o tempo todo. Nasceu na Bahia, bem depois das águas de março que fecham o verão, mas ama a primavera. Daíse tem medo de sapos, baratas, macacos, cachorro bravo e petroleiro. Dá risadas o tempo todo e chora com a mesma facilidade. Não usa tênis porque eles lhe dão falta de ar e com luvas perde o equilíbrio. Ama vestidos e também a cor amarela, ipês amarelos e girassóis.

Outro dia escolheu a cor da parede do seu quarto e o moço da casa de tintas disse que não tinha a cor amarelo-amanhecer, mas ele prometeu que vai criar uma linha de tintas só para poetas. Ela Continua aguardando.