Âmagos & Escamas

O(s) mundo(s) deste livro não é(são), definitivamente, parte dos sonhos de todos aqueles que aqui nasceram.

Ao norte, não há, definitivamente, uma alma generosa habitando Lagoa Alcateia, e, se há, ela esconde algum segredo tão putrefato quanto os dos impiedosos. Os que se calam, consentem com todo o resto. Ninguém realmente se orgulha de nascer ali, todos parecem ter alguma espécie de entidade de estimação, uma mente perversa ou uma intenção perigosa com os forasteiros. Não se deve confiar em ninguém em Lagoa Alcateia.

Ao oeste, Tocaia devora os poucos moradores com as suas constantes mudanças sociais e tecnológicas. Em poucos anos, a sociedade passou do telefone de manivela ao celular mais avançado entre todos. Os eventos mais estranhos sempre vem à tona dali: mortes repentinas e inexplicáveis, rituais macabros e sumiços constantes dignos de teorias conspiratórias de abdução ou viagens no tempo. Não existe nada racional que explique os eventos de Tocaia.

Ao leste, Lorota tenta se dissociar de toda a estranheza das duas anteriores, trazendo cor e alegria para suas crianças açucaradas e sonhadoras. A maioria dos atrativos maquiados vivem aqui, trazendo uma sensação reconfortante de estar no lugar certo na hora certa, mas o contrário costuma ser comum, é o típico lugar onde não se deve aceitar doces de estranhos.

Ao sul, na Parca, além da costa banhada por urubus de sete vidas e água contaminada, não há nenhum sobrevivente material ou imaterial para contar o que aconteceu ali, e o porquê de ninguém poder cruzar a ponte para lá e nem falar sobre a cidade. Ela simplesmente não existe no imaginário dos personagens deste livro, e nem pode pensar em existir.

Acompanhe, por vias internas e externas, o terror em cada palavra.