“Canção do Exílio” – Gonçalves Dias
A literatura brasileira é rica em obras que capturam a essência da terra e a alma do povo. Entre essas obras imortais, destaca-se o poema “Canção do Exílio” de Antônio Gonçalves Dias, um dos expoentes do romantismo brasileiro. Publicado pela primeira vez em 1846, o poema é uma expressão lírica que ecoa sentimentos de saudade, exílio e amor à pátria. Através de sua linguagem melódica e imagens poéticas, Gonçalves Dias criou uma peça que transcende o tempo e continua a ressoar nos corações dos leitores.
Canção do Exílio
Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.