Wotan: meu Anjo Torto
Por Miriam Morata Quando a Gu ( minha cachorra) morreu, eu quase desisti de amar outro bichinho, a dor da perda foi tão forte, que por pouco, não obscureceu o brilho do amor e alegria que compartilhamos durante 11 anos.
Não podia permitir que alguém tentasse ficar no lugar dela, nenhuma brincadeira, ou lambida poderiam apagar as lembranças e nenhum olhar ousaria tentar me fazer sentir tão amada quanto fui.
O luto tem dessas coisas, a dor emudece a risada e ocupa todo espaço do coração. Eu não me atreveria a colocar outro no canto dela do sofá, muito menos dividir meu amendoim.
Aí um dia, ele chegou… e imediatamente mordeu a barra da minha calça, fez xixi no meio da sala, deitou no canto dela no sofá e começou a tirar o algodão do edredom que cobria a minha Gu.
Eu pensei:
– Que atrevimento! Esse bebê não sabe que tudo isso é sagrado?
Ele não sabia nada sobre lembranças, luto, saudades e muito menos sobre sagrado.
Eu sentia a presença da Gu e ela parecia me dizer:
– Dá uma chance para esse terremoto, ela vai te ensinar que ninguém tem direito de economizar, ou virar as costas para o amor, mesmo que esse coração esteja ardendo de dor e saudade, a matéria prima do coração e do movimento da Vida é Amor.
E eu dei uma chance, ou melhor, o Wotan me deu uma chance.
Aos poucos ele foi ocupando todo o espaço na casa e no meu coração, ele nunca foi sutil ou se insinuou pedindo amor e atenção, pelo contrário entrou como um trator na minha vida, arrancou-me da noite do luto e lançou no meio de um mar agitado, como se a Vida borbulhasse e explodisse a todo momento.
E quando eu menos esperava, se instalou no meu coração machucado e bagunçado, rasgou o edredom, a manta e destruiu o pratinho da Gu; deixou meu braço cheio de arranhões parecendo um mapa hidrográfico; comeu todos os meus chinelos e tênis, destruiu baldes e se apaixonou pelo regador.
Então eu me rendi ao monstro do regador, ao vira lata meliante e ao olhar que me faz sentir a pessoa mais amada e privilegiada do mundo.
Ele é meu parceiro, meu filho, meu anjo torto e quando abro meu potinho de amendoim ele corre para o canto do sofá e se prepara para nosso momento filminho com amendoim, bolinho, bolachinha com patê…
Obrigada Wotanzinho, você nem imagina o tamanho do espaço que ocupa no meu coração, um dia eu te explico porque isso é sagrado.
E agora o meu Mestre vai começar sua missão, me ensinando a envelhecer e compreender um pouco mais, sobre esse mistério e privilégio de existir neste planeta lindo.
Não podia permitir que alguém tentasse ficar no lugar dela, nenhuma brincadeira, ou lambida poderiam apagar as lembranças e nenhum olhar ousaria tentar me fazer sentir tão amada quanto fui.
O luto tem dessas coisas, a dor emudece a risada e ocupa todo espaço do coração. Eu não me atreveria a colocar outro no canto dela do sofá, muito menos dividir meu amendoim.
Aí um dia, ele chegou… e imediatamente mordeu a barra da minha calça, fez xixi no meio da sala, deitou no canto dela no sofá e começou a tirar o algodão do edredom que cobria a minha Gu.
Eu pensei:
– Que atrevimento! Esse bebê não sabe que tudo isso é sagrado?
Ele não sabia nada sobre lembranças, luto, saudades e muito menos sobre sagrado.
Eu sentia a presença da Gu e ela parecia me dizer:
– Dá uma chance para esse terremoto, ela vai te ensinar que ninguém tem direito de economizar, ou virar as costas para o amor, mesmo que esse coração esteja ardendo de dor e saudade, a matéria prima do coração e do movimento da Vida é Amor.
E eu dei uma chance, ou melhor, o Wotan me deu uma chance.
Aos poucos ele foi ocupando todo o espaço na casa e no meu coração, ele nunca foi sutil ou se insinuou pedindo amor e atenção, pelo contrário entrou como um trator na minha vida, arrancou-me da noite do luto e lançou no meio de um mar agitado, como se a Vida borbulhasse e explodisse a todo momento.
E quando eu menos esperava, se instalou no meu coração machucado e bagunçado, rasgou o edredom, a manta e destruiu o pratinho da Gu; deixou meu braço cheio de arranhões parecendo um mapa hidrográfico; comeu todos os meus chinelos e tênis, destruiu baldes e se apaixonou pelo regador.
Então eu me rendi ao monstro do regador, ao vira lata meliante e ao olhar que me faz sentir a pessoa mais amada e privilegiada do mundo.
Ele é meu parceiro, meu filho, meu anjo torto e quando abro meu potinho de amendoim ele corre para o canto do sofá e se prepara para nosso momento filminho com amendoim, bolinho, bolachinha com patê…
Obrigada Wotanzinho, você nem imagina o tamanho do espaço que ocupa no meu coração, um dia eu te explico porque isso é sagrado.
E agora o meu Mestre vai começar sua missão, me ensinando a envelhecer e compreender um pouco mais, sobre esse mistério e privilégio de existir neste planeta lindo.
Este livro vai contar nossa história e mostrar como o olhar dele melhora o meu.
Características do eBook
- Autor(a): Miriam Morata
- ASIN: B0BMQRM7YT
- Idioma: Português
- Tamanho: 8019 KB
- Nº de Páginas: 115
- Categoria: Artesanato, Casa e Estilo de Vida
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro Wotan: meu Anjo Torto, escrito por Miriam Morata. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.