(…) – «O meu nome é Observador e vivo no teu caminho».
– Foram as últimas palavras do velho sábio; que ouvi durante os vinte anos passados, com as lembranças do sonho, doente: Agarrado dentro de mim. Sempre dentro de mim; pois que sou eu: Durante duas décadas vi o raiar da madrugada sob a forma de uma bola de sabão e esperei cada crepúsculo entretido com a barriga, enquanto matava o tempo, precioso, puíndo a vida por um lugar onde descansar; caindo na ratoeira do destino e empurrado pela rotina do conforto… Até há cobardia de não querer enxergar: Porque a vida obriga as pessoas a mudarem e produzirem novos estilos e destinos; mas, o que as pessoas, em si, são: Não muda: Está dentro delas; a corroer… Pelo sonho, que, em muitos casos, fica parado; com seu sábio abandonado; esperando sem fim, o perdido que já faz parte do passado…
– «Nunca desistas do teu sonho».
– Disse o velho, que passava em frente de mim, enquanto, sentado num banco de jardim, conversava com Deus; grato pela beleza de poder observar o movimento das árvores: Como que, uma conspiração secreta; envolvendo-as: Reúnem suas forças em marcha, para uma batalha a ser travada nos céus.
(…) «Mas, qual Verdade, que, verdadeira, se derramasse para mim?…»
– A verdade verdadeira era aquela por onde eu caminhava, enquanto a pro-curava; não a enxergava porque ela nunca se separara de mim… Por tudo na vida ser tão (simples): Acabava, sempre, por torna-lo difícil: Sempre estava ali a verdade; eu é que fechava os olhos e abria-os na esperança de que ela se mostrasse de uma forma desdobrada; que apontasse a direcção: (Qual o sonho?) e me mostrasse tudo o que eu não sabia. Se apresentasse a mim e me dissesse: “- Eu sou a verdade” Por um lado eu sabia a verdade e via-la escondida por de trás da mentira, qual, gratuitamente, chegava aos meus ouvidos e aos meus olhos; cegos: Por acreditar nos outros aquilo que havia em mim. – Que o brilho dos olhares não saberia disfarçar – Observava-a quando olhava o céu. Quando a chuva lavava o meu sal e o entregava ao mar.
(…) A esperança abandonou tudo; chamou a loucura, afagando-lhe o sofrimento e atirou comigo ao Mundo: Agarrou-me pelas entranhas e sacudiu-me na carne um caminho vazio. Aventurei-me ao sonho sem me aventurar…
(…) – Pausadamente apagou a vida dentro do túmulo e saiu, para observar o julgamento nos olhos do Mundo: (…)
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): António Duarte
- Tamanho: 325 KB
- Nº de Páginas: 48
- Idioma: Português
- Categoria: Contos
Amostra Grátis do Livro
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