VER PARA QU(Ê)?

Politicar. Esse é o verbo que mais se conjuga nas cidades do interior, embora essa opção verbal nem exista nos dicionários da língua portuguesa. O que importa é que todos têm no sangue uma paixão enorme pela política. Mesmo aqueles que dizem “não quero nem ouvir falar de política” ou “na minha casa não se discute nem política, nem religião, nem futebol” são, na realidade, os que mais fazem a política “por debaixo dos panos”. E nós, mineiros, por natureza, somos experts nesses assuntos. Em qualquer esquina, boteco, banco de praça ou até “batendo uma enxada” na roça, se quiser puxar um assunto mais demorado, é só começar a falar de política. Essa politização do cidadão interiorano é muito mais forte do que do cidadão que mora nas grandes metrópoles. Isso porque as decisões políticas estão muito mais próximas do dia a dia das pessoas e interfere diretamente na vida da comunidade. Infelizmente, contudo, nem todos dão tanta importância a esse fato e escolhem seus políticos por paixão ou influência de amigos e parentes, o famoso voto de “cabresto”. E quando o político toma posse e começa a fazer suas trapalhadas é que o cidadão se arrepende de ter dado seu voto para ele. Aí é tarde demais. Tem de esperar mais quatro anos para corrigir o erro. A intenção deste livro é justamente mostrar a importância da participação consciente do cidadão no cenário político. A visão política de cada um de nós é a mais forte arma que temos para melhorar as condições de vida de nossas comunidades. Nosso principal ator neste cenário é justamente um cego, que consegue enxergar muito mais que toda a população de sua cidade. Isso porque ele tem o privilégio, e não a deficiência, de enxergar com o coração. Conhecer o caráter das pessoas é muito mais importante do que enxergar fisicamente, porque utilizar gestos, roupas e visual externo para convencer e enganar as pessoas é muito fácil. Mas o verdadeiro valor do ser humano está em seu caráter. A este não tem como enganar. No desenrolar desta história, vamos expor os erros mais comuns na política interiorana e suas consequências para o cidadão. Vamos também mostrar que é possível governar com honestidade e competência. Mas isso apenas é possível com o voto consciente de todos os cidadãos. Quem sabe, um dia, chegaremos lá?