Vaivéns da Alma

“Já se expusera demais para um único dia. Contraditoriamente, foi mais fácil com estranhos do que com sua mãe. Estranhos eram, para ela, pessoas vazias. Vazias como ela se sentia. Estava agora, porém, diante da pessoa que lhe dera a vida. Vida essa que ela duvidava que ainda existisse. Um sentimento difuso e incômodo fermentava dentro dela, ali, diante de sua mãe sedenta por informações. Olívia precisava ser cuidadosa. Mas, como ter cuidado? Não estava em condições de elaborar um discurso cauteloso. Não estava em condições de elaborar os próprios pensamentos. Então, despejou, de uma só vez, sem mudar a expressão nem o tom de voz:— Fui estuprada.”Diz o ditado que “o tempo cura todas as feridas”Cura mesmo? Ou apenas as encobre? Algumas feridas nascem com a gente. Outras, adquirimos no desenrolar da vida. Há feridas que rasgam a carne… e outras que dilaceram a alma. Com todas é preciso aprender a lidar.