Tutti Brasiliani: Fragmentos de memória de 300 anos dos Bortot dos Alpes Italianos ao Brasil
Por Ivanir Jose Bortot Tutti brasiliani (Editora Libretos, 205 páginas), é uma obra com o olhar de uma família de Belluno que fez parte do processo migratória ao Brasil no século 19 , fenômeno que acabou por transformar este país num dos maiores produtores de grãos do mundo.
A migração dos Bortot dos Alpes Italianos , muito bem documentada, é uma mostra do que ocorreu com dezenas de milhares de outras famílias. Eles trabalhavam há, no mínimo, três séculos como meeiros do Conde Miari Fulcis um grande proprietário de terras na região de Belluno. Em uma pequena área nas montanhas criavam uns poucos animais – vacas, ovelhas, burros, porcos e galinhas – e mantinham algumas culturas – videiras e trigo – que os sustentavam ao longo do ano. E, para reforçar as proteínas, caçavam pássaros com redes. Para fazer suas roupas, fiavam cânhamo, lã e linho. E esfolavam raposas, toupeiras e lebres para vender a pele.
Os Bortot, que chegaram ao Brasil em 1883, receberam do governo (financiada, a ser paga em alguns anos) o que julgavam ser uma vasta porção de terra, vinte hectares, algo impensável no país de origem.
No Rio Grande do Sul, um terreno inclinado, cobertos de mato e perdidos nos cafundós intransitáveis. Botaram abaixo as árvores centenárias e com elas ergueram suas casas. Quase todos eles, além das habilidades agrícolas, tinham noções de marcenaria, carpintaria e ferraria. Assim, utilizando-se de conhecimentos centenários trazidos da Itália , passaram a criar seus porcos, a plantar trigo e a tratar de suas videiras. Comiam sua polenta e bebiam vinho e grapa. E passaram também a consumir os surpreendentes pinhão e palmito.
A experiência de produção de escala nos feudos, como dos Miari Fulcis, foi de grande contribuição para o modelo agrícola adotado no Rio Grande do Sul.
Depois, no começo dos anos 1930, mais uma vez empurrados adiante pela redução das propriedades, determinada pelos inventários, alguns dos Bortot partiram para o Sudoeste do Paraná. Fixaram-se em um pequeno vilarejo, que é hoje Pato Branco (85 mil habitantes). O autor fala de incontáveis tiroteios, jagunços assalariados, grileiros impiedosos, tocaias, violações, assassinatos, falsificação de documentos, terras tomadas à bala e misteriosas empresas protegidas por políticos inescrupulosos e uma área de terra equivalente a metade da Itália disputada entre Argentina e Brasil.
Ao longo de sua saga, em duas oportunidades, os Bortot foram vítimas das muitas guerras travadas pelas elites intelectuais do Rio Grande do Sul. Na revolução de 1893, os Bortot foram depenados. Tropas famintas comeram todos os animais e todos os grãos. Repetiu-se o mesmo em 1923, onde os descendentes europeus eram tratados com cidadãos de segunda linha.
Lê-se o livro de Ivanir José Bortot como se fosse um romance sobre uma família européia que vem fazer a América. Exatamente como em um livro de ficção, a cada geração, dois ou três membros do clã se destacam. Ora é uma mulher forte que cria seus muitos filhos sem a ajuda do marido precocemente falecido. Ora é um sujeito empreendedor que funda muitas empresas e dá trabalho a filhos, filhas, genros e noras. Ora é um nonno, que guarda as memórias da família, que pede ao neto que lhe segure a mão no instante em que vai partir deste mundo. Ora é o ingresso de alguém – descendente de terceira geração – em uma universidade.
Os Bortot continuam presentes na Europa como família destacada na cidade de Belluno, na Itália, contando com políticos, empresários, intelectuais dentre os quais Paola Bortot, Fúlcio Bortot e o atual cônsul-geral da Itália em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Roberto Bortot. Um dos mais ilustres é Pedro Bortot, homenageado na Praça Du Uomo de Belluno por perdido a vida na luta de independência da Italia em 1849.
O Tutti Brasiliani foi indicado para o 63º Prêmio Jabuti de Literatura de 2021 do Brasil, a mais importante premiação para autores concedidos neste País.
A migração dos Bortot dos Alpes Italianos , muito bem documentada, é uma mostra do que ocorreu com dezenas de milhares de outras famílias. Eles trabalhavam há, no mínimo, três séculos como meeiros do Conde Miari Fulcis um grande proprietário de terras na região de Belluno. Em uma pequena área nas montanhas criavam uns poucos animais – vacas, ovelhas, burros, porcos e galinhas – e mantinham algumas culturas – videiras e trigo – que os sustentavam ao longo do ano. E, para reforçar as proteínas, caçavam pássaros com redes. Para fazer suas roupas, fiavam cânhamo, lã e linho. E esfolavam raposas, toupeiras e lebres para vender a pele.
Os Bortot, que chegaram ao Brasil em 1883, receberam do governo (financiada, a ser paga em alguns anos) o que julgavam ser uma vasta porção de terra, vinte hectares, algo impensável no país de origem.
No Rio Grande do Sul, um terreno inclinado, cobertos de mato e perdidos nos cafundós intransitáveis. Botaram abaixo as árvores centenárias e com elas ergueram suas casas. Quase todos eles, além das habilidades agrícolas, tinham noções de marcenaria, carpintaria e ferraria. Assim, utilizando-se de conhecimentos centenários trazidos da Itália , passaram a criar seus porcos, a plantar trigo e a tratar de suas videiras. Comiam sua polenta e bebiam vinho e grapa. E passaram também a consumir os surpreendentes pinhão e palmito.
A experiência de produção de escala nos feudos, como dos Miari Fulcis, foi de grande contribuição para o modelo agrícola adotado no Rio Grande do Sul.
Depois, no começo dos anos 1930, mais uma vez empurrados adiante pela redução das propriedades, determinada pelos inventários, alguns dos Bortot partiram para o Sudoeste do Paraná. Fixaram-se em um pequeno vilarejo, que é hoje Pato Branco (85 mil habitantes). O autor fala de incontáveis tiroteios, jagunços assalariados, grileiros impiedosos, tocaias, violações, assassinatos, falsificação de documentos, terras tomadas à bala e misteriosas empresas protegidas por políticos inescrupulosos e uma área de terra equivalente a metade da Itália disputada entre Argentina e Brasil.
Ao longo de sua saga, em duas oportunidades, os Bortot foram vítimas das muitas guerras travadas pelas elites intelectuais do Rio Grande do Sul. Na revolução de 1893, os Bortot foram depenados. Tropas famintas comeram todos os animais e todos os grãos. Repetiu-se o mesmo em 1923, onde os descendentes europeus eram tratados com cidadãos de segunda linha.
Lê-se o livro de Ivanir José Bortot como se fosse um romance sobre uma família européia que vem fazer a América. Exatamente como em um livro de ficção, a cada geração, dois ou três membros do clã se destacam. Ora é uma mulher forte que cria seus muitos filhos sem a ajuda do marido precocemente falecido. Ora é um sujeito empreendedor que funda muitas empresas e dá trabalho a filhos, filhas, genros e noras. Ora é um nonno, que guarda as memórias da família, que pede ao neto que lhe segure a mão no instante em que vai partir deste mundo. Ora é o ingresso de alguém – descendente de terceira geração – em uma universidade.
Os Bortot continuam presentes na Europa como família destacada na cidade de Belluno, na Itália, contando com políticos, empresários, intelectuais dentre os quais Paola Bortot, Fúlcio Bortot e o atual cônsul-geral da Itália em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Roberto Bortot. Um dos mais ilustres é Pedro Bortot, homenageado na Praça Du Uomo de Belluno por perdido a vida na luta de independência da Italia em 1849.
O Tutti Brasiliani foi indicado para o 63º Prêmio Jabuti de Literatura de 2021 do Brasil, a mais importante premiação para autores concedidos neste País.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Ivanir Jose Bortot
- ASIN: B09931KG9Z
- Idioma: Português
- Tamanho: 3359 KB
- Categoria: Biografias e Histórias Reais
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro Tutti Brasiliani: Fragmentos de memória de 300 anos dos Bortot dos Alpes Italianos ao Brasil, escrito por Ivanir Jose Bortot. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.