Trovão distante

– Aonde ele está?– Ele perguntou aos que estavam fora.

Não escutei resposta de ninguém, e Mattis adentrou a capela, e da porta começou a conversar comigo.

– Escreverei cartas de meu próprio punho as famílias deles… –

– Eu já fiz isso… – Respondi sem me virar, ainda olhando para a frente.

– Eu perdi muitos amigos e entes queridos nesta guerra Max, e sei como você se sente… Max, nada no mundo vai substituir seus camaradas, mas se você continuar conosco você pode justificar o sacrifício deles… – Mattis argumentou.

– Porque? Porque eu deveria justificar a morte deles? Estou cansado de justificar a morte dos outros!– Respondi com desprezo.– Eu me lembro… A muito tempo atrás, no escritório de meu pai… Onde ele me falou que havia um preço em ser um herói, que havia um motivo de meu avô não me contar nada além de suas vitórias e conquistas, e não de suas perdas e derrotas. Eu dispensei suas palavras com desprezo… Achei que era mais um de seus sermões… Para me dissuadir de meu sonho.– Mattis continuou em silêncio, e sem perceber continuei falando,

– No fundo, eu queria que tudo isso acontecesse… De encarar a face da guerra, e me tornar uma lenda no mundo, aonde os homens choram longe de suas mães e ninguém pode nos impedir. Aonde somente a realidade reina… Feroz e brutal.– Lágrimas desciam de meus olhos, porém Mattis não as via caindo, ele continuava imóvel, e em silêncio na porta da capela.

– Eu estava intoxicado por isso… E essa é minha realidade agora. E o preço… É grande demais para eu suportar.– Desabafei com os olhos ainda marejados.