Tribulações Políticas da Viagem no Tempo

Que fique claro que esta tradução do português não foi feita a partir do original em tâmil. Usamos a tradução para o inglês do poeta e tradutor Maharathi, e vimos um ensaio de crítica literária escrito por um autor da Índia – carregando o simbolismo de ser um país que reúne dezenas de línguas: oficiais, populares, não oficias e outras – se desdobrar mais uma vez em múltiplas possibilidades, tendo já sido publicado em espanhol, italiano e chinês.

Esclarecer que se trata de uma tradução da tradução não tem por objetivo apontar para limitações, pelo contrário. O texto em tâmil é a luz que incide sobre o prisma da tradução e cada idioma é uma face; cada texto resultante, um feixe que se dispersa em manifestações coloridas possíveis.

Essa abertura do texto original para ser transformado e recontado, até o momento, em cinco idiomas diferentes decorre da paixão de Gouthama Siddarthan pela arte da tradução. Essa abertura, reflito agora, afeta a tradução de forma sutil e penetrante.
Especialmente por ser um texto que combina a linguagem acadêmica, da crítica, e a artística, da ficção e da poesia, suas intenções permanecem claras e, ao mesmo tempo,podem se manifestar levando em conta também o frescor do improviso original, transformando-se sem perder em fidelidade. E a relação do autor com suas traduções reflete confiança, o que gera um texto final seguro de suas soluções. Siddarthan se refere a esta tradução para o português, por exemplo, como a realização de um sonho: ter o seu artigo vertido para a língua de Fernando Pessoa. E quem traduz sabe que esse tipo de inspiração é sempre bem-vindo.

Aí está um texto que se permite viajar pelos continentes mais subjetivos. Agradeço a oportunidade de participar de todas essas interpretações.
Boa leitura.

Ludimila Hashimoto
São Paulo, Brasil.
outubro de 2018.