Texturar

A textura vista de perto

Não à toa, as texturas, como conhecemos contemporaneamente essas aplicações táteis e visuais sobre as paredes de nossas casas (por exemplo), se confundem com a escrita. Pousados num palimpsesto (aquele suporte feito de pele de cordeiro sobre o qual se escrevia, se apagava e se reescrevia desde a Antiguidade), textos se imbricavam, revelando os ecos da linguagem: quando o ontem e o hoje se costuram. Nesse sentido, em Texturar, este livro de Jefferson Mutrica, a sensação de estarmos lendo camadas é evidente. Os formatos são inúmeros, desde o conto, a crônica, a anedota, o relato, a alegoria — constituindo, ao longo do livro, a impressão daquilo que os franceses chamam de tranche de vie.

Trecho retirado do posfácio de Altair Martins