Sr. Villela, meu amigo imaginário

Aos 15 anos, confuso por conta de seus desejos sexuais por outros garotos, Denis encontra um caderno no pátio da escola e decide fazer dele o seu amigo imaginário.

Foi estranho quando eu o vi pela primeira vez. Eu estava sufocado, mais do que de costume. Me sentia tão vazio quanto a embalagem de biscoito que eu estava a ponto de jogar no lixo. Caminhei lentamente em direção à lixeira, mas era outra coisa que chamava minha atenção. Era um caderno, desses grandes. Tomei-o antes mesmo de jogar fora a embalagem – meu real objetivo, em seguida cumprido. Abri-o. “Dívidas do Sr. Villela”, lá estava, na primeira linha da primeira página, folheei curiosamente o restante do caderno e não havia mais nada.

“Sr. Villela”, repeti três vezes em minha cabeça. Como será que ele seria? Levantei da bancada do refeitório e subi até a minha sala de aula. Arranquei a primeira folha utilizada, a amassei e joguei-a no lixo. Sentei-me em minha carteira e olhei para o caderno; a ponta de baixo um pouco amassada: “Ei Sr. Villela, quer ser meu amigo?”. Sorri em seguida. Como se ele fosse um amigo imaginário, um caderno encantado ou algo do tipo, imaginei que me respondesse que sim.

“Vou te contar um segredo então”. Peguei um lápis e ali mesmo, sozinho naquela sala, comecei a escrever. Era o início de uma amizade, uma cumplicidade que vai além de todo o senso real-imaginário que eu poderia ter. O livro que você está prestes a ler, carrega os dias mais emocionantes da minha vida, contados por mim mesmo durante o calor do momento. São textos na íntegra de meus diários. Segredos só meus e do senhor Villela, compartilhados agora com quem tenha vontade de lê-los, aonde quer que esse livro chegue.

“Eu não diria que tudo começa aqui, pois atração por homens é algo que eu sempre senti.” – e continuei escrevendo – “Nunca senti algo especial por meninas. Os loirinhos daqui da minha sala, os garotos da minha rua e principalmente o meu vizinho não sabem, mas são todos personagens importantes em minha mente fértil de menino de quinze anos.”

Prazer, agora você também é um dos meus amigos imaginários.

Atenção: Livro não recomendado para menores de 18 anos por conter linguagem sexual explícita.