Spaghettone Alla Figa

O romance brasileiro desse começo de século sofre uma ligeira aberração ou metamorfose diante do que se observa na criação desse escritor infatigável. Mais um romance que surge, Spaghettone Alla Figha, com a transpar~encia de uma obra-prima. O romancista Humberto Henriques já se diz estafado dentro e em torno de sua capacidade de criação. Afinal, são mais de 430 livros já publicados. Agora, com esse livro, sua imersão no mundo do cinema se faz de uma maneira bizarra, de dentro para fora, ao contrário do que se espera de um espetactador diante de um filme exibido, quandos e imagina que a entrada ser faz de fora para dentro, isto é, repercutinado porimeiro na face do ator e depois disso, na personagem que ele tenta reproduzir a parte de um enredo preposto. Isso faz lembrar o romance de Mario Vargas Llosa, Tia Julia y el Escreviñador, embora os termos, as sugestões, o enlace, o desenvolvimento do texto e deo terreno, tudo seja muito diferente até se atingir o desfecho do romance. De qualquer maneira, o emaranhado entre ficção e realidade realiza aqui uma de suas mais interessantes e magfíficas histórias. Esse foge foge de tudo que já foi escrito sobre cinema no mundo inteiro. É um espéculo sem vésperas e sem solicitação de The End. Esse título, Spaghettone Alla Figa, remete aos faroestes dod anos sessenta, aqueles chmados de espaguete e que lavraram tanto tempo de sucesso nas telas de cinema. No Brasil isso foi longo e se repetiu. Tamanha a verdade sobre a situação, que esses filmes pululavam como se nascessem de geração espontânea. Visavam apenas o lucro imediato e não qualquer tipo de fosforilação cerebral da platéia. Tantos, cada um mais deficiente do que o anterior. Acontece que, percebendo o todo daqueles dias, as criaturas não possuíam a possibilidade de outras averiguações e ntertenimentos. O livro começava a sofrer de degeneração. Não o livro em si, mas o leitor. Todos queriam a pecha do consumo imediato. Esses espaguetes vinham a propósito porque faziam exatamente sse serviço, trazer o que fosse mais heróico, porquanto fosse por demais banal, toda cena que pudesse ser destilada de Giuliano Gemma e outros que furavam dólares pelo exercício do heroísmo a fora. Portanto, a história aqui conta mais que a simplicidade absurda da Estética. A vastidão da obra de Humberto Henriques nunca houvera abordado um tema dessa natureza. Assim vasta, esta obra também admite uma variedade enorme de assunto. Como se nada para ele fosse suficiente para encher o saco onde deposita suas criações. Quando se pensa que está pronto para encerrar o expediente, como se diz sempre em terras do centro brasileiro, surge uma nova erupção e um novo livro dela é cuspido. Como dizem alguns críticos, aqui citando particularmente Guido Bilharinho, crítico de Cinema conceituado e de Arte em geral, a obra multiforme dessse escritor ultrapassa berreiras e todos os limites ponderáveis. Pelo próprio conceito, quando se fala em obra-prima, capo lavoro, é natural que se eleja uma apenas para ocupar esse espaço. Aqui, em se tratando desse escritor, há a multidão de obras-primas a serem consideradas. De tal maneira que, a se pensar de tal forma, como se fossem vários autores que enceassem de maneira distinta as suas próprias obras. Então, aaqui estamos diante da quimera e ela precisa ser considerada em todos os seus aspectos e divergências. A genialidade tem que admitir as várias facetas de um mundo que busca a compreensão de seus deslimites. Entretanto, a se considerar o todo que compõe esse livro, uma vez esquecendo parte do movimento dos espaguetes daqueles anos de ouro, fica a memória e o saudosismo que o autor deixa transparecer no fim do compêndio, quando de monstra a sua mais profunda manifestação de autenticidade diante de um cine Vera Cruz, nada mais, nada menos, que um dos monumentos da cidade de Uberaba, em Minas Gerais.