SOMOS TODOS BOLHES

A história de Toni, uma pessoa agênera, se embrenha numa viagem, um misto da estrada keuroaquiana e a estrada de tijolos amarelos. Toni se vê sob a onda da revolução dos direitos sexuais. Mas sua viagem é uma busca em torno de seu devir ou da sua própria obra de arte autobiográfica. Qual seria a última pincelada de sua autovernissagem?

“O Mundo muda nossas mentes e corpos ou acontece o contrário? Essa pergunta é mais complexa para Toni, que vive no mundo criado por Roberto Muniz onde a biomecatrônica alcançou os níveis mais íntimos da humanidade. Aqui não temos um hermético estudo antropológico. Trata – se de uma novela que nos conta a viagem de um personagem em transformação através de um mundo em transição. É a estória de um simples esforço para responder nossa pergunta inicial com a ajuda/desafio de pessoas que, como Toni, vamos achando nesse templo de portas abertas que é a vida”. (José Antônio D. Filho, leitor).

TRECHO DO LIVRO
“Certa vez, Nine, com quem eu estava conversando algumas vezes, me levou num cruising bar, perto da periferia da cidade. A cidade na qual morava não tinha o que chamamos de centro comercial. O que havia eram compartimentalizações administrativas, zonas especializadas em serviços e comércio. Este cruising bar ficava entre as zonas de mecânica e indústrias de roupas. Havia uma oficina mecânica que também operava com manutenção dos protótipos ciborgues. Caía como uma luva esta vizinhança. Mas, o mais impressionante foi a experiência que tive no Lego Bar. Os corpos se acoplavam como se fossem realmente peças encaixáveis, ao som de uivos e interações barulhentas como trilhos de trem ou engrenagens de grande máquinas em intenso movimento.Todos ali pareciam máquinas tecno-humanas, pois seus corpos mantinham partes biologicamente humanas. Mas, a forma como as genitálias se encaixavam parecia máquinas funcionando ao controle de desejos sincronizados ultra-humanos. Essa foi a maneira que encontrei para descrever aquela sinfonia de sons metálicos. Certamente, era um show que funcionava mais para quem estava envolvide naquela performance. Havia uma excitação maravilhosamente inominada entre os pintos e bucetas biônicos. Havia um estranhamento lúdico, mais do que sexualmente simbólico entre aqueles corpos. A postura do ativo resgatava algo de hierarquia e poder. As posições se limitavam ao encaixe dos pintos dentro das cavidades. Todas as pélvis tinham sofrido a intervenção cirúrgico-ciborgue”.

IN ENGLISH
The story of Toni, a gnderless person, engages in a journey, a mixture of the Keuroaquian road and the yellowed-brick road. Toni finds hirself under the wave of the sexual rights revolution. But hir journey is a search around hir future or hir own autobiographical work of art. What would be the last stroke of your self-vernissage?”Does the world change our minds and bodies or does it happen the other way around? This question is more complex for Toni, who lives in the world created by Roberto Muniz Dias where biomechatronics has reached the most intimate levels of humanity. Here we do not have a hermetic al anthropological study. It’s a novel that tells us the journey of a character in transformation through a world in transition. It is the story of a simple effort to answer our initial question with the help / challenge of people that, like Toni, are finding in this temple of open doors that is life “. (José Antônio D. Filho, reader)