Sobre a Atenção Plena

A plena atenção pode ser definida como a autorregulação da atenção para mantê-la focada na experiência que temos aqui e agora. Mindfulness é a consciência que se manifesta quando se presta atenção intencionalmente e sem julgar a experiência do momento presente. O fato de termos muitos pontos cegos quando se trata de compreender nossos padrões de pensamento, sentimento e comportamento, faz com que enxerguemos a nós mesmos como um “estranho”. Apesar da suposição de que nos conhecemos bem, a presença de autoenganos e equívocos na nossa vida se tornaram comuns. Em alguns casos, pontos cegos no autoconhecimento podem ter consequências negativas, como má tomada de decisão, fraco desempenho acadêmico/profissional, problemas emocionais e interpessoais e menor satisfação com a vida.

Dois componentes da presença mental, atenção e observação sem julgamentos, podem superar as principais barreiras para conhecermos a nós próprios. A motivação para nos vermos de forma desejável é um dos principais obstáculos ao autoconhecimento. Por exemplo, é comum superestimarmos as nossas qualidades virtuosas para afastar sentimentos negativos ou aumentar o nosso amor próprio.

Através de frases curtas, citações e perguntas que promovem a reflexão, o leitor é levado a ponderar sobre o que é bom para todos, empregando aquilo que lhe é inerente: a razão. Em várias páginas podem ser encontrados três símbolos de interrogação (???), indicando que se está diante de um questionamento apesar de ser uma afirmação, pois o que se quer é a ponderação.

O livro adota um enfoque cético mas que é racional e positivo, que além de procurar manter a mente aberta, parte da premissa de que fazer o bem aos seres vivos, não lhes fazer o mal e não lhes prejudicar, depende também de nos tornarmos mais autoconscientes. Afinal, respeitar a dignidade do outro também é prezar a sua inteligência, mas essa conduta também pode ser ameaçada quando agimos no modo “piloto automático”.

Muitas afirmações e questionamentos são apresentados, por exemplo:

– A meditação mindfulness treina nossa capacidade de atenção e discernimento em relação ao que está ocorrendo no momento presente (nossos pensamentos, nossas emoções, nossas sensações físicas, mas também o ambiente e os relacionamentos) integrando conduta ética com generosidade.

– Percepções, emoções e fenômenos cognitivos devem ser não somente cuidadosamente observados, bem como avaliados. Para isso, é importante que abandonemos a nossa obsessão em sempre julgar, controlar ou direcionar nossas experiências no momento presente. Em outras palavras, a atenção plena seria a observação sem julgamentos do fluxo contínuo de estímulos internos e externos à medida que eles surgem.

Cada questão visa mostrar o valor da atenção plena, além de nos encorajar a parar por alguns minutos durante o dia para recuperar a paz interior por meio da prática meditativa de presença mental. Afinal, todos nós podemos aprender a meditar. São reflexões como essas que vamos encontrar a cada página, que pretendem questionar as nossas convicções. O que se quer, é que pensemos por nós mesmos e não como o autor pensa. Trata-se de uma excelente oportunidade para exercitarmos a dúvida saudável, que leva ao esclarecimento daquilo que é potencial ou inegavelmente nocivo.