Seus olhos subiram o morro
Por Daniel Valentim Mansur Os quatro contos que compõem esta coletânea são completamente diferentes em termos de estilo e de temática; mas deixam o mesmo retrogosto. Em As vitrolas de Vilém, uma inteligência digital se disfarça de livreiro numa praça de Amsterdã enquanto planeja uma revolução… pessoal, digamos assim. Depois, temos um jovem jornalista policial fazendo intercâmbio em Paris, preso nas memórias confusas de uma noite em que pode — ou não — ter acontecido um estupro em seu apartamento (Paris ’99, um loop). No terceiro texto, um professor de literatura começa a se transformar misteriosamente numa macieira, e para reverter a situação, tenta encontrar a ex-namorada bióloga com a ajuda do cacto que ela deixara no seu apartamento (Casulo). Fechando e dando título ao livro, Seus olhos subiram o morro mostra Antônio, um detetive paranormal, investigando a maldição que aflige três gerações da família proprietária de uma fazenda. O problema é que a cada serviço, em vez de eliminar a assombração, ele a suga para dentro de si, deixando marcas que desfiguram seu corpo e que prenunciam sua própria morte.
O retrogosto a que me refiro é o desprezo pelo homem; o ser que, nas palavras de algum personagem de Woody Allen, teve que automatizar o banheiro público porque não podia confiar nas pessoas pra dar descarga. Nestes contos, os personagens são sabotados em suas pretensões, nada dá certo, nenhuma experiência é satisfatória ou válida, nem mesmo necessária em termos de aprendizado. Todos giram em busca do próprio rabo nesta ciranda inútil que é a própria vida. A não ser o livreiro, que parece contar com certa compaixão. Mas há um motivo bastante evidente para isso, que fica claro logo no início do conto, quando ele declara suas intenções. Como ele próprio afirma, não há diferença entre o dom e a maldição, “na base de ambos está o talento inato dos homens pela autocomplascência”.
O retrogosto a que me refiro é o desprezo pelo homem; o ser que, nas palavras de algum personagem de Woody Allen, teve que automatizar o banheiro público porque não podia confiar nas pessoas pra dar descarga. Nestes contos, os personagens são sabotados em suas pretensões, nada dá certo, nenhuma experiência é satisfatória ou válida, nem mesmo necessária em termos de aprendizado. Todos giram em busca do próprio rabo nesta ciranda inútil que é a própria vida. A não ser o livreiro, que parece contar com certa compaixão. Mas há um motivo bastante evidente para isso, que fica claro logo no início do conto, quando ele declara suas intenções. Como ele próprio afirma, não há diferença entre o dom e a maldição, “na base de ambos está o talento inato dos homens pela autocomplascência”.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Daniel Valentim Mansur
- ASIN: B09DD5Q6ZG
- Editora: Uboro Lopes
- Idioma: Português
- Tamanho: 3320 KB
- Categoria: Literatura e Ficção
Amostra Grátis do Livro
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