Segunda Chance

Em sua nova casa, coisas estranhas acontecem. A energia daquele lugar é pesada e escura. Não que Felicity não esteja habituada a coisas estranhas: ela vê espíritos desde os três anos de idade, quando começaram a assombrá-la.

No entanto, nunca havia visto um fantasma tão atraente, amável e carismático. Seu nome era Jean Dubois, Duque d’Anjou.

Fazia quase quatro séculos que Jean Dubois estava preso àquela casa. Isso, todavia, não era o mais estranho. Estranho mesmo era saber que estava morto, mas não recordar-se de como havia morrido, ou o motivo de estar preso àquela casa, à residência que tinha pertencido a sua família por gerações antes dele. Era como se estivesse… esperando.

Então deparou-se com a nova moradora. A mais bela e delicada criatura em que já havia posto seus olhos. E soube exatamente o que esperava. Era ela, sabia disso.

Qual não foi a surpresa de ambos quando ela dormiu em uma noite e nunca mais acordou, ao menos não naquele século.

Felicity Brown estava morta e alguém, quem quer que fosse, lhe deu uma segunda chance de viver, em outra época, com um objetivo: Impedir que o fantasma gostosão fosse morto e tivesse sua alma presa àquela casa.

Mas como faria isso se nem ao menos ele sabia como havia morrido? E, afinal, como ela havia tido uma morte como a dele? A única coisa da qual se recordava era de deitar-se para dormir e nunca mais acordar.

O que teria acontecido com ela?

Como faria para impedir que o duque morresse quando o Jean Dubois Vivo era um cretino, safado, machista, mal-humorado e grosseiro que ela mesma tinha vontade de assassinar? Rodeado por tantas pessoas que adorariam vê-lo morto, como Felicity poderia cumprir sua missão para retornar à sua vida, ao seu tempo?

A resposta era simples: Teria de fazê-lo mudar seu jeito agressivo, controlador e mal-humorado de lidar com as pessoas. Mas como faria para não apaixonar-se pelo homem leal e justo que se escondia por baixo de toda aquela grosseria?