Segredos da Alma na Arte

Partindo de publicações que se tornaram referências obrigatórias e pesquisas relativamente recentes da história da arte, a análise dos temas selecionados dá maior visibilidade ao conteúdo emocional de cada obra, por vezes de forte acento autobiográfico, por outras de traço profundamente inconsciente. É um deslocamento espacial e temporal, aparentemente aleatório, que desafiará as experiências próprias de cada um de nós.

A novidade de Segredos da Alma Na Arte, acredito, está em explorar criteriosamente a bibliografia até resvalar no mundo dos sentimentos mais caros ao ser humano. Um mundo tão palpável que quase o chamaríamos concreto, não fosse o aspecto áspero e impenetrável desta palavra, mais afeita à construção civil do que à reconstrução histórica, que melhor seria tangenciada pelo termo líquido, com variados níveis de contato. Desde o tímido toque das mãos na superfície, quando então o tal mundo liquefeito escorre pelos dedos, até o mergulho de corpo inteiro, que também começa cauteloso, pernas, peito, cabeça, até que se escorre todo pela infinita realidade envolvente. Fique à vontade, escolha que tipo de contato fará.

As obras aqui reunidas não representam uma escola inteira, nem sintetizam uma época. Não provam nada, a não ser que utilizemos a palavra no seu sentido gastronômico, uma degustação.

Percorra a galeria viva da história da arte e descubra um mundo de fantasias, paixões e perdas, além das dificuldades da vida em sociedade (inveja, sucesso, fracasso, orgulho, ira). São temas das obras primas, não invenções posteriores. São verdadeiros personagens em óleo, mármore ou metal, que ganharam vida e atravessaram os séculos para nosso aprimoramento espiritual. Personagens que testemunham os mesmos problemas que vivenciamos, abordados aqui através de uma espécie de leitura tridimensional. A dimensão histórica, a dimensão estética e a dimensão psicológica fundem-se para seu deleite e autorreflexão. É uma oportunidade para avaliarmos o mundo que temos construído até aqui. Assim, a obra que nós observamos e provamos também nos observa e nos prova.

Boa Leitura!

João Ricaldes
Mogi Mirim, janeiro de 2021