SECRETS: Você é o próximo … Feche os olhos

Meu coração sentia dois vazios que almejavam desaparecer em algum momento da minha vida, ambos resultado do mesmo mau, da ausência do amor que um ser pode chegar a experimentar em dois sentidos mais profundos. Não eram do tipo de vazio que se forma entre os dedos de uma pessoa sedenta ao tratar de beber água com as mãos; mais bem, como o de uma dor de cabeça incompleta, que priva de sua beleza total a quem olha sua imagem sem terminar, bem como as cavidades do coração privam da felicidade plena a quem os sente. O vazio do lado esquerdo era o da ausência do amor mais óbvio e puro, o único que pode ser correspondido como as ondas o fazem com a costa nesse ir e vir em uma dança perfeita. O produto da ausência de amar e ser amado por essa pessoa, que chega a sua vida inesperadamente ao dar a volta no canto graças a uma cilada do destino. Da ausência desse amor que encontramos quando reconhecemos parte de nós nos olhos de outro ser, do amor em casal, com quem esperamos caminhar o resto de nossos dias de mãos dadas e compartilhando cada momento de felicidade eternamente. Mas o segundo vazio era um silencioso que, por falar em sussurros, pode ser acalentado pelo ruído da vida, da comodidade e a rotina, até que de repente o deixamos de escutar e pretendemos que já não existe, quando em realidade o enchemos equivocadamente de medos e desesperos.