Reflexões em uma noite de luar

Cícero se sentiu mal enquanto trabalhava em uma tarde ensolarada. Mais tarde, sentado à mesa para jantar, não conseguiu comer o que esquentou do almoço e nem beber o pouco de vinho que havia na garrafa. Ao se deitar, a insônia o impediu de dormir, então decidiu sair de casa para respirar um pouco.
No caminho sem rumo definido, ele encontrou alguns amigos e até mesmo desconhecidos. Depois de se assustar ao passar em frente ao único cemitério da cidade pequena, o homem que morava sozinho entrou e conversou com um viúvo que não conseguia esquecer a esposa falecida há muito tempo. Como os pais de Cícero também estavam sepultados naquele lugar, ambos os homens derramaram lágrimas por causa da saudade que sentiam dos seus entes queridos.
A caminhada noturna permitiu que ele recordasse muitas passagens da vida talvez não vivida com a intensidade que deveria. Lembranças como as ex-namoradas, amigos que partiram para longe ou mesmo para outra vida e acontecimentos da infância permearam o cérebro de quem não sabia para onde ir e nem tinha horário para retornar para casa.
Fascinado ao contemplar várias vezes maior astro noturno quase como os antigos povos que habitaram o planeta, Cícero tentou se encontrar internamente. Porém, talvez não houvesse muito tempo para transformar as reflexões em uma noite de luar em novas realizações.