Professor do ensino fundamental – identidade em jogo

Este trabalho articula os principais resultados das minhas atividades de ensino e pesquisa nos cursos de graduação (pedagogia) e pós-graduação da Faculdade de Educação/ Unicamp e dos meus serviços de extensão, principalmente aqueles relacionados a cursos de atualização para professores de ensino fundamental e médio, no período de 1988 a 1994. (…)
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Em verdade, repete-se em São Paulo, o Estado mais rico do Brasil, aquilo que ocorre em todas as regiões brasileiras: a cegueira generalizada em relação ao trabalho dos professores e às condições do ensino nas escolas públicas. A cada minuto surgem panacéias e palavreados bonit os em relação às escolas e ao magistério; entretanto, na prática, no cotidiano concreto, as verdadeiras causas dos problemas permanecem ou crescem
em tamanho e complexidade, avolumando ainda mais o conjunto de necessidades educacionais.

(…) acredito que os conteúdos e as descobertas veiculadas neste livro continuam atuais e oportunas, ainda que desenvolvidos no ano de 1994. Embora o país tenha vencido o ciclo das ditaduras e embora os governos venham sendo escolhidos através de eleições, o status do professor continua a ser desrespeitado ou, em muitos casos, até piora dentro da democracia. Com esse desrespeito e com o empobrecimento das condições de ensino no âmbito das escolas públicas, a identidade do professor fica cada vez mais corroída, transformando-se em motivo de chacota ou, o que é muito comum, em estereótipos, caricaturas, cômicas deformações na
mídia e na cabeça da população.

Para esta edição, atualizei a nomenclatura e aprofundei alguns conceitos da versão anterior. Durante esse percurso, pude ver e sentir o quanto a pesquisa aqui relatada é ainda atual para um entendimento da identidade do professor de ensino fundamental. Pude também perceber o quanto os condicionantes então desvelados e caracterizados continuam agindo no sequestro da identidade dos professores e reproduzindo consequências altamente nefastas no âmbito do trabalho docente. A dor que senti e relatei nos idos de 1994 se repetiu agora, principalmente porque vivi – e estou ainda vivendo – o mesmo período histórico e constatei que as mazelas dos governos, os descasos com a problemática da educação, os níveis de investimento na área, as manobras maquiavélicas, etc. se repetem no nosso meio.