NOTA DO AUTOR Nem me lembro quando a poesia insinuou-se em minha vida. Parece haver um mistério nesse gostar da “asa ritmada”, como a chamou Cecilia Meireles em seu lindíssimo poema “Motivo”. Um mistério que faz do poeta um “fingidor”, naqueles versos definitivos e tão conhecidos de Fernando Pessoa, que acusam amorosamente o poeta de “fingir que é dor/ a dor que deveras sente”. Ou que permite a Mario Quintana versejar dizendo: “O poema/ essa estranha máscara/ mais verdadeira do que a própria face…”. Esse mistério que ainda leva muita gente ao ledo engano de achar que fazer poesia é “uma coisa fácil”. Só sei que, desde muito cedo, e para sempre, me envolvi com a poesia, mesmo tendo feito da filosofia minha trilha na vida acadêmica profissional. Permanentemente exposto a essa misteriosa força poética que a muitos assalta, sempre cedi à bendita “tentação poética”, escrevendo poemas, dentre os quais os que compõem esta coletânea, mesmo sem o intuito de publicá-los. Não obstante, vários deles acabaram escapando do ineditismo, e da camisa-de-força de uma autocrítica exacerbada, com a facilidade da divulgação pela internet. As formas dos poemas são variadas, como o são seus conteúdos. Deixo ao leitor a possibilidade de fazer sua própria leitura poética e, se desejar, atribuir alguma unidade a essa colcha de retalhos. Nesse trajeto pelos caminhos poéticos, não escapei à pergunta recorrentemente feita aos que ousam escrever versos: “Mas por que poesia?”. Não sei dar resposta, porém ela talvez esteja contida nuns versinhos modestos que escrevi muitas décadas atrás, que justificam o título deste livro: Encontrei a poesia num lugar dentro de mim. Indaguei se ela sabia por que poetar, enfim. A resposta? A que cabia: Poesia… porque sim.
DEDICATÓRIA À minha mãe, Maria Augusta, que, a despeito da parca instrução em uma escola primária na roça, amava extraordinariamente a educação e me enviou para o colégio já alfabetizado, oferecendo-me assim, aos 6 anos de idade, o benefício incomparável da leitura e a possiblidade de converter-me num amante das palavras e da poesia que mora nelas.