Pescador de Languita
Por José Humberto da Silva Henriques O conto de José Humberto Henriques traz a marca inconfundível da associação indissolúvel do homem com a natureza e com os fenômenos psíquicos advindos da socialização. Todos eles se imbricam na relação entre as criaturas, seus dilemas, seus sonhos, suas agruras, suas dúvidas, seus prazeres, seu riso e sua dor. O estudo introspectivo da alma como um todo transparece nesses contos de uma maneira contumaz. Nesse compêndio, o conto que dá título ao livro é uma obra-prima da Literatura universa. Ao modo de Tchekhov, Henriques dá à trama conspícua um enlevo de mestre. Todo o assunto gira em torno de um mundo minimalista, porquanto seja a meta enfrentada na solução desse mundo um enorme relevo que se chama vida.
De uma maneira que poderia ser chamada de quase indiferente, o autor realiza o prodígio de arreganhar diante do leitor a massa rotunda da vida albergada em ambiente que poderia ser chamado de extremamente doméstico. O valor de tudo não se restringe nesses contos a um enredo meramente ocasional. É como se toda a revolução silenciosa de tudo que acontece surge e ressurge sempre no amparo de vicissitudes atemporais. A revelação do mundo se faz de maneira corriqueira e nada suplanta a mistificação de que o mundo não está fora dessa dimensão autóctone que se gera das almas e suas atrações. Dentro desse contexto que se automultiplica, as criaturas pululam com seus trajes mais ou menos engalanados pelas vicissitudes do que é chamado de existência.
A plena oferta de tipos num mundo abrangente autoriza o contista a trabalhar sobre eles de uma maneira exemplar. Por ser mestre na arte de supor que as coisas todas acontecidas sobre a face dessa terra são diferentes entre si – o que atrai o autor para ampliar todos os tipos psicológicos que acaba por deslindar -, Henriques demonstra através da complacência dos espíritos recriados e da capacidade de sua pena em eternizar individualidades, que sempre haverá um conto a ser contado de uma maneira distinta. Ora, isso é evidente e não destoa mesmo de um fato que poderia ser jornalístico. Um crime ou uma queda de pintor de andaime, por exemplo, mais banal ele seja, nunca acontece de maneira idêntica ao trágico de outros episódios. Isso é jornalismo.
Em Literatura esse jornalismo deixa de ser fico e cientificista, deixa de ser prescrito dentro da exatidão dos modos e da estatística. Passa a exigir do criador – ou seja, do contista – essa grandeza de observação contumaz que se adapta à arte para fazer o Estilo. Diante disso, como sempre diz o gênio observador de J Humberto Henriques, não se finda jamais a possibilidade de um conto ser tão bonito e perfeito como um conto de Tchekhov. Esses contos foram retirados da vivência do autor, como está mesmo o espaço geográfico muito bem delimitado nas obras, mais ainda naquela que dá o título ao livro, O Pescador de Languita, na maravilhosa e rica região do Alto Paranaíba. Esse peixinho aqui não passa, entretanto, de um motivo semiológico para a instalação de tipos psicológicos muito bem explicitados. A utilização do peixe é magistral. Poderia até ser outra figura que despertaria a ilusão de que o peixe é mais imponente que o homem na safra percorrida por esses contos. Ocorre que a escolha foi essa do peixe.
Languita é desconhecimento no meio da fauna. Não é indexada em dicionários quaisquer. Pode ser uma palavra retirada dessa etimologia vasta que ocorreu no Brasil desde a época da chamada era moderna. Lang. Algo assim. Tilanga. Outra palavra que percorre os céus da boca dos brasileiros do meio-oeste e não pode ser explicitada em suas nervuras. De qualquer maneira, seja como for que surgiu o nome da cambeva, sete-léguas ou languita, assim como está descrito no texto, no conto que dá nome ao livro, esse peixe faz parte de toda uma história que embalou o escritor nos primórdios de sua educação. Por isso mesmo, dá para perceber no texto o amor que o escritor devota ao peixinho e a seus adereços principiais.
De uma maneira que poderia ser chamada de quase indiferente, o autor realiza o prodígio de arreganhar diante do leitor a massa rotunda da vida albergada em ambiente que poderia ser chamado de extremamente doméstico. O valor de tudo não se restringe nesses contos a um enredo meramente ocasional. É como se toda a revolução silenciosa de tudo que acontece surge e ressurge sempre no amparo de vicissitudes atemporais. A revelação do mundo se faz de maneira corriqueira e nada suplanta a mistificação de que o mundo não está fora dessa dimensão autóctone que se gera das almas e suas atrações. Dentro desse contexto que se automultiplica, as criaturas pululam com seus trajes mais ou menos engalanados pelas vicissitudes do que é chamado de existência.
A plena oferta de tipos num mundo abrangente autoriza o contista a trabalhar sobre eles de uma maneira exemplar. Por ser mestre na arte de supor que as coisas todas acontecidas sobre a face dessa terra são diferentes entre si – o que atrai o autor para ampliar todos os tipos psicológicos que acaba por deslindar -, Henriques demonstra através da complacência dos espíritos recriados e da capacidade de sua pena em eternizar individualidades, que sempre haverá um conto a ser contado de uma maneira distinta. Ora, isso é evidente e não destoa mesmo de um fato que poderia ser jornalístico. Um crime ou uma queda de pintor de andaime, por exemplo, mais banal ele seja, nunca acontece de maneira idêntica ao trágico de outros episódios. Isso é jornalismo.
Em Literatura esse jornalismo deixa de ser fico e cientificista, deixa de ser prescrito dentro da exatidão dos modos e da estatística. Passa a exigir do criador – ou seja, do contista – essa grandeza de observação contumaz que se adapta à arte para fazer o Estilo. Diante disso, como sempre diz o gênio observador de J Humberto Henriques, não se finda jamais a possibilidade de um conto ser tão bonito e perfeito como um conto de Tchekhov. Esses contos foram retirados da vivência do autor, como está mesmo o espaço geográfico muito bem delimitado nas obras, mais ainda naquela que dá o título ao livro, O Pescador de Languita, na maravilhosa e rica região do Alto Paranaíba. Esse peixinho aqui não passa, entretanto, de um motivo semiológico para a instalação de tipos psicológicos muito bem explicitados. A utilização do peixe é magistral. Poderia até ser outra figura que despertaria a ilusão de que o peixe é mais imponente que o homem na safra percorrida por esses contos. Ocorre que a escolha foi essa do peixe.
Languita é desconhecimento no meio da fauna. Não é indexada em dicionários quaisquer. Pode ser uma palavra retirada dessa etimologia vasta que ocorreu no Brasil desde a época da chamada era moderna. Lang. Algo assim. Tilanga. Outra palavra que percorre os céus da boca dos brasileiros do meio-oeste e não pode ser explicitada em suas nervuras. De qualquer maneira, seja como for que surgiu o nome da cambeva, sete-léguas ou languita, assim como está descrito no texto, no conto que dá nome ao livro, esse peixe faz parte de toda uma história que embalou o escritor nos primórdios de sua educação. Por isso mesmo, dá para perceber no texto o amor que o escritor devota ao peixinho e a seus adereços principiais.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): José Humberto da Silva Henriques
- ASIN: B07LDY7DDV
- Idioma: Português
- Tamanho: 1126 KB
- Nº de Páginas: 141
- Categoria: Literatura e Ficção
Amostra Grátis do Livro
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