Os Motéis e o Poder: Da perseguição pelos agentes de segurança ao patrocínio pela ditadura militar
Por Murilo Fiuza de MeloEssas são algumas das histórias descobertas pelos jornalistas Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo e reveladas no livro “Os Motéis e o Poder – Da perseguição pelos agentes de segurança ao patrocínio pela ditadura militar”. A obra, a terceira assinada pela dupla, expõe as contradições do discurso em “defesa da moral e dos bons costumes da família brasileira”, usado pelos militares para angariar o apoio de parte da sociedade brasileira ao regime.
Com base em entrevistas e extensa pesquisa, os autores revelam que durante os momentos mais repressivos da ditadura, nos governos Costa e Silva e Médici, recursos públicos foram usados para financiar um dos espaços mais simbólicos para a prática do sexo livre no Brasil: os motéis. Foi justamente entre os anos de 1968 e 1974, que esses estabelecimentos nasceram e floresceram. Se no espaço público, os generais proibiam de tudo – da nudez ao sexo, de letras de canções românticas a discurso de paraninfo em formatura, do palavrão aos cabelos longos -, nos motéis, tudo era permitido. Adultério,
ménage a trois, orgias, homossexualidade, consumo de drogas ilícitas e de pornografia eram tolerados desde que não comprometessem a discrição necessária ao negócio.Segundo os autores, o decreto 55, de 18 de novembro de 1966, que criou a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) e estabeleceu uma miríade de benefícios fiscais e financiamentos para empresários que investissem no setor, acabou também sendo usado por moteleiros. A lei permitia o uso de recursos para financiar estabelecimentos de hospedagem à beira da estradas, ao estilo dos seus similares norte-americanos, com o objetivo de incentivar o turismo rodoviário pelo país. Sem fiscalização, muitos donos de motéis para encontros se beneficiaram e construíram seus negócios com recursos públicos. O Anuário Estatístico da Embratur, de 1979, aponta a existência de 352 motéis registrados no órgão em 165 municípios de todo o Brasil. Só no Rio, eram cinquenta estabelecimentos em quinze municípios. Era muito motel para pouca estrada.
Os autores constroem um amplo painel da evolução dos costumes do Brasil, a partir de fatos que giram em torno dos motéis e de seus ancestrais, os chamados hotéis de alta rotatividade. O primeiro deles, inaugurado em 1926, ainda resiste em pé, embora inativo: o Hotel Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, onde, como dizia o jornalista e escritor Antonio Maria, era possível “amar sem castigo”. Ciça e Murilo descrevem como a revolução sexual, a luta pelos direitos da mulher, a pílula anticoncepcional e o desenvolvimento da indústria automobilística no país foram cruciais para a perenidade do negócio.
PerfilJornalistas, Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo publicaram em 2014 “O caso dos nove chineses” (Editora Objetiva), que revelou o primeiro escândalo internacional de violação dos direitos humanos da ditadura militar brasileira; e, em 2019, “Todas as mulheres dos presidentes”
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Murilo Fiuza de Melo
- ISBN-10: 6500237722
- ISBN-13: 978-6500237726
- ASIN: B09BK6ZXKW
- Idioma: Português
- Tamanho: 7096 KB
- Nº de Páginas: 299
- Categoria: História
Amostra Grátis do Livro
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