Os Europeus

Um cemitério estreito no coração de uma cidade agitada e indiferente, visto das janelas de uma pousada de aparência sombria, em nenhum momento é um objeto de sugestão animadora; e o espetáculo não está no seu melhor quando as lápides mofadas e o ressentimento fúnebre recebem o refresco ineficaz de uma queda de neve úmida e opaca. Se, enquanto o ar está engrossado por essa garoa gelada, o calendário indica que a bendita estação primaveril já tem seis semanas, será admitido que nenhuma influência deprimente está ausente da cena. Esse fato foi fortemente sentido em certo dia 12 de maio, há mais de trinta anos, por uma senhora que olhava por uma das janelas do melhor hotel da antiga cidade de Boston. Ela havia ficado ali por meia hora – parada ali, isto é, em intervalos; pois de vez em quando ela voltava para o quarto e media seu comprimento com passos inquietos. Na chaminé havia um fogo incandescente que emitia uma pequena chama azul; e em frente ao fogo, a uma mesa, estava sentado um jovem ocupado trabalhando com um lápis.