Os Diálogos da Serpente

No filme “Matrix”, totalmente dominados por uma inteligência artificial, humanos vivem em uma realidade virtual, presos em um programa de computador, onde a finalidade de mantê-los nessa situação seria utilizá-los como fonte de energia – GENIAL – , porém, em minha opinião, o filme deixa de explorar aquilo que haveria de mais precioso nos humanos em relação a inteligências artificiais, numa relação desse tipo – “sentimentos e sensações” –. Acredito que os autores de Matrix deveriam ter focado a trama em algo desse tipo: máquinas “absorvendo” sentimentos e sensações – numa espécie de relação simbiótica – utilizando-se, para isso, de uma realidade virtual onde a produção desses elementos subjetivos seria abundante. Transposto tal princípio para a relação Deus/criaturas – como que em uma espécie de Matrix – é isso que a presente obra traz embutida em sua prosa: “a resposta ao mistério da criação”; a resposta à velha e não resolvida questão: por que Deus sendo onipotente, onisciente e onipresente criou? Uma entidade tão plena e poderosa não bastaria a si própria? A resposta fornecida na prosa cativante das páginas de ficção do livro é surpreendentemente lógica, perturbadora e, por que não dizer, ÓBVIA? De quebra, porém não menos importante, Nos pertinentes diálogos de Yahweh com Lúcifer, é solucionado o problema do dualismo cartesiano, onde é oferecida uma solução ao impasse filosófico levantado inconscientemente por Descartes e que perdura até os dias de hoje: se há duas substâncias compondo a realidade: a res extensa (matéria) e a res cogitans (mente), como elas se comunicariam entre si, permitindo a realidade existir tal como a pensamos? Polêmica em si, somente por flertar com duas questões de tal monta – o que não é pouco – faz de “Os Diálogos da Serpente” uma obra única, onde religião, filosofia e suspense encontram-se onipresentes no desenrolar de toda a estória.

Mergulhe de cabeça nessa delirante aventura intelectual: que segredo oculto haverá na estranha relação entre Ernesto, Caio e Hugo? Que mistério unirá esses três personagens de naturezas tão distintas? Por que o exuberante Ernesto se interessaria de forma tão particular pelos excêntricos Caio e Hugo? De onde virá todo conhecimento profano do qual Ernesto parece ser o inusitado guardião? Embarque na fantástica narrativa de Ernesto Saavedra e, com ele, descubra alguns dos segredos mais arcanos da realidade.