O Terceiro Sonho

Quando me procurou para conversar, José Carlos Ventura era um homem destruído. Ele precisava dividir suas aflições, precisava de um norte para recolocar suas emoções nos trilhos, mas, pessoalmente, nunca acreditei que ele conseguisse dominar aquele monstro.

Como desconstruir o machismo? Até que ponto um homem pode chegar para racionalizar suas culpas? Eu sabia que ele não desejava abandonar a esposa, eu sabia que Zé Ventura procurava esperança em minha casa, mas para convencê-lo eu teria que ancorar meu argumento em algo que ele acreditasse. Então eu usei o Terceiro Sonho.

Portador de um grau leve do chamado Transtorno Obsessivo Compulsivo (toc), José Carlos Ventura tinha sonhos repetidos desde a adolescência. O Terceiro Sonho era um retrato lúdico de sua crise conjugal e tornou-se uma ferramenta para compreender seus atuais conflitos, cujo cerne estava muito além da simples traição sexual.

Narrado em primeira pessoa, o livro não revela os verdadeiros locais de origem dos fatos e também usa nomes fictícios, haja vista que descreve uma série de atos supostamente criminosos e a intenção deste relato não é punir ou levar culpados à justiça. Para tentar desvinculá-lo do juízo de um depoimento, a narrativa não segue uma linha histórica nem cronológica dos reais acontecimentos.

O Terceiro Sonho deve ser compreendido como um ajuste de conduta, uma reflexão contemporânea de como sobreviver aos arranjos desse mundo novo com o velho machismo ainda entranhado na sociedade.

O autor Gustavo Nettoh nasceu em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, no ano de 1970. Cursou Ciências Contábeis pela Unerj e realizou diversos trabalhos no cinema e na televisão. Seu primeiro romance – Inércia – foi publicado em 1998, com selo independente. Participou de diversas coletâneas de contos e crônicas, até o lançamento de seu segundo romance – O Terceiro Sonho – pela plataforma digital da Amazon, em 2018.