O SENTIDO DO TRABALHO: SOBRE O VERDADEIRO EQUILÍBRIO

Segundo o filósofo grego Demócrito, os avarentos se comparam às abelhas, pois trabalham como se fossem viver eternamente, mas tal aforismo cabe perfeitamente nos dias de hoje, uma vez que ainda há pessoas que trabalham tanto como se não houvesse um fim para elas, como se a morte nunca fosse chegar. Ajuntam demais, com receio e medo de que um dia algo possa faltar, que não haverá provimentos suficientes. A avareza é a fonte de toda ambição e grande causadora de perturbações em nossas mentes, pois tais pessoas não trabalham pensando na presteza, mas sim em acumular sempre cada vez mais, levando-nos a trabalhar sempre sem encontrar um sentido pleno fora do acúmulo de bens materiais.

A presteza é diferente, pois nela o trabalho flui com prazer, enquanto o avarento trabalha aferradamente, transformando o ofício em dor, com medo de nunca ter o suficiente, daí não para, não descansa, não tem paz. Avareza é ganância, avidez por riqueza, diferente de economizar para partilhar, pois se economiza para se obter sempre mais, sem limites, de forma insaciável, trabalhar sem cessar, sem conseguir descansar e usufruir o que conquistou, porque acredita que se assim o fizer, dilapida ou diminui sua riqueza.

O avarento não vive, acredita que algum dia poderá gozar os frutos do seu trabalho, mas tal dia nunca chega, porque o avaro não abre a mão, sempre adia o momento de usufruir com medo de perder a oportunidade de ficar cada vez mais rico, numa competição idiota com sabe-se lá quem ou o quê. A cobiça não nos deixa viver plenamente, porque deposita nossa esperança e expectativa no futuro, nos alienando do presente, futuro que nunca chega, trabalhando como se fossemos viver para sempre, até que, de repente, num dia qualquer, percebemos que a vida não é eterna e que a morte se aproxima, quando não nos pega de surpresa, antes mesmo da gente perceber nossa finitude.