O Senhor do Mar

Na Rua Las Gabias – uma daquelas ruelas de Lisboa abaixo de Santa Catarina – ocorreu um pequeno acontecimento na sinagoga ali digno de menção nesta história de Richard, Senhor do Mar.
Era Kol Nidrè, véspera do Dia da Expiação, e o pequeno Beth-El, sufocando em um ar sombrio, estava realizando a longa liturgia, quando, atrás da cortina onde as mulheres estavam sentadas, uma velha senhora que estava olhando para cima bateu com as palmas das mãos e deixou escapar um gritinho: “O dia está chegando…!”
Ela então desmaiou, e até perto das dez ficou deitada em sua cama, iluminada pela vela do Yom Kippur, com os olhos abertos, mas sem falar, seu rosto sério ainda lindo, em cada templo uma pequena pirâmide de tranças, com orelha de ouro e coral: uma santa belle. Por volta das dez da noite três mulheres assistindo a ouviram murmurar: “Minha filha, Rebekah…!”
Ela não tinha filhos e não se sabia a quem se referia. No entanto, logo em seguida, havia uma forma na porta protegida por amuleto, e Estrella sentou-se, dizendo: “Rebekah, minha filha…”