O Resgate de Michael Anson (Clã versus Clã Livro 1)

“Ao inserir a chave na fechadura, Michael percebeu que ela estava quebrada. Ele empurrou a porta que deslizou lentamente. Uma onda de medo jorrou em seu peito como um calor intenso, espalhando-se em seguida por todo o corpo. A escuridão era quase total. Abriu os olhos com força. Pela janela, uma luz débil entrava para se jogar disforme no chão.

Michael notou algo se mover rapidamente em algum lugar nas sombras atrás de si. Foi nesse momento em que ele sentiu uma enorme pressão em sua garganta que lhe fez paralisar. Um cheiro de algo forte lhe invadiu as narinas e o mundo apagou.”

“John acelerou o carro. Os pneus deslizaram um pouco antes de conseguirem fazer o automóvel andar. Uma leve nuvem de areia branca levantada pelos pneus se perdeu na escuridão atrás de nós. O céu continuava escuro. Apenas os faróis do carro, como um par de olhos felinos, jogavam sua luz naquele lugar ermo.

Descemos devagar pelo mesmo caminho que subimos minutos antes. John apagou os faróis para não chamar a atenção de quem quer que fosse que pudesse nos ver e a escuridão se abateu sobre nós. Todos nós estávamos em silêncio absoluto, dentro do carro, protegidos do vento e da areia, observando todos os lados em busca do menor sinal que nos indicasse a presença de algo ou alguém. Após o que nos pareceu ser alguns longos minutos, estávamos a meio caminho das casas.
O carro parou.
– Vamos descer – John falou retirando a chave da ignição. Eu notei que seus dedos tremiam.”

“Eu e Flip demos as costas e começamos a andar por dentro da mata. O som da folhagem sendo esmagada por nossos pés me deixava nervoso. Bichos noturnos corriam de um lado para outro e lembrei de como nós dois gostávamos de fingir que éramos heróis quando voltávamos do trabalho pelas ruas escuras. Agora que estávamos naquela situação, passei a odiar realmente o fato de não termos poder algum.
– Nem acredito que estou indo com você – Flip reclamou saltando um galho caído.
– Coragem, Flip. Não temos outra opção.
– Poderíamos ter continuado lá com os outros – ele disse parando de andar. Eu também parei e o olhei, vendo que ele tinha medo nos olhos.
– Rachel pode estar em perigo. Se fosse você eu faria o mesmo.
– Todos nós estamos em perigo. Veja onde estamos agora. – Flip observou e retomou a caminhada, aborrecido.
– Eu só preciso que você pense que vai dar tudo certo – falei às suas costas.
– E eu só preciso ir embora! – ele falou mais alto que o necessário.
– Todos nós precisamos, Flip. Todos nós.”