Em agosto de 1959, aos dezessete anos de idade, fui acometido, pela primeira vez, por uma severa crise de pânico lá, na divisa da Itália com a Suíça, onde eu estava, pela primeira vez na minha vida, gozando de um breve período de férias. Portanto, tal crise explodiu na ausência mais completa possível de “fatores desencadeantes”, palavra existente na terminologia psiquiátrica para definir os acontecimentos externos que tenham contribuído ou até provocado este tipo de crise.
Naquela época, pelo menos na Itália, falar de depressão com um médico competente em distúrbios mentais era parecido com uma conversa sobre extraterrestres, pelo mais completo desconhecimento de uma patologia que, hoje, enche os consultórios de psiquiatras, psicólogos, psicanalistas, parapsicólogos, sem falar dos terreiros de umbanda, candomblé, etc.
Aguentei exatamente um ano e, em pleno esforço psicofísico para superar o exame que me faria conquistar o diploma de contador, as crises de pânico, que me levavam diariamente a loucura, começaram a perder força, até me devolver o completo controle do meu sistema nervoso.
Quinze anos se passaram para que, já no Brasil, explodisse a segunda série de crises de pânico, desta vez na presença de pesados “fatores desencadeantes”, de natureza profissional.
Também no Brasil, na época, a patologia da “depressão endógena” (o contrário de “depressão exógena”, provocada por fortes traumas, como a perda de um ente querido, o fracasso de um casamento, a perda de um emprego, a presença de uma patologia concomitante, etc.), também apelidada de “depressão química”, por ser a consequência de ausência ou inadequada produção de um dos “neurotransmissores” (assim chamados por permitir a comunicação interneuronial), primeiro dos quais a ‘serotonina”, deputados a garantir o bem-estar da pessoa, era desprovida de suficiente conhecimento, bem como de confiável histórico.
Literalmente apavorado com o tratamento de “eletrochoque” recomendado por um dos psiquiatras mais conceituados daquela época em Campinas, que pretendia me manter internado durante trinta dias, procurei desesperadamente outra solução, haja vista que, na época, o “eletrochoque”, aplicado com alta amperagem e sem anestesia, apresentava o risco de piorar expressivamente as condições psicológicas do paciente, até leva-lo literalmente á loucura irreversível ou, quanto menos, a uma profunda e irreversível mudança de personalidade. Não é assim, hoje, pois o tratamento anticonvulsionante é aplicado com baixa amperagem, com anestesia e só aos pacientes, geralmente de idade avançada, que não suportam o uso de antidepressivos.
Pelo sim, pelo não, e sem saber o que fazer, resolvi tentar a prática do “yoga”.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Luca Mariano
- Tamanho: 622 KB
- Nº de Páginas: 77
- Editora: Editorial Calíope
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro O QUE A AUTOAJUDA NÃO EXPLICA, escrito por Luca Mariano. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.