O Pequeno Planeta Piramidal

A obra O pequeno Planeta Piramidal, trata-se de um mito de cariz adultojuvenil e lusobrasileiro que conta a história da ascensão de uma tribo que vive em um planeta em forma de pirâmide. Conforme Carlos Reis, “estamos perante uma novela em que o mito, o fantástico e o aventuroso se articulam de forma muito engenhosa (…), a história reveste-se de uma cor local muito sugestiva, que é a da vivência de tribos indígenas, com tudo o que isso implica. Todavia, esse é apenas o plano superficial de um relato que, para além do exotismo, vai revelando uma densidade e uma riqueza temática que desmentem a aparência de mero divertimento. Pode dizer-se, então, que a novela recorre a procedimentos alegóricos para denunciar, de forma risonhamente crítica, as contradições, os excessos, a ganância e a especulação que dominam o nosso mundo. Só que aquela denúncia não se processa de forma agreste nem agressiva, antes se reveste das cores da sátira, não raro com derivas que afloram a comicidade. Também por isso, pode dizer-se que O Pequeno Planeta Piramidal pode ser acolhido tanto por leitores juvenis, como por um público adulto que seja sensível ao registo alegórico que ficou mencionado. Valéria Cavalheiro evidencia óbvias qualidades de narradora, na medida em que constrói de forma muito viva e bem arquitectada o seu relato. Para além disso, investe a sua criatividade no plano estilístico, dando mostras de uma capacidade de invenção verbal que torna a leitura do relato muito estimulante, sob o signo de efeitos de surpresa que desafiam o leitor. Trata-se, pois, de uma proposta cuja originalidade é evidente. Parece certo, contudo, que essa originalidade não se esgota num único domínio de representação, antes atravessa vários estratos de um relato que, além do mais, exibe uma exemplaridade discreta mas eficaz.”