O Pequeno Girassol (Ciclones de Liberdade Livro 1)

A liberdade tem asas lindas e puras, arqueadas e prontas para quando o seu portador quiser partir. Entretanto, assim como o homem pode ter suas mãos presas por gélidos pedaços de metal, as asas também podem ser recolhidas a frias jaulas.
Uma decisão rápida resulta em resultados da mesma velocidade, por vezes insatisfatórios. Caso prenda um homem em uma algema, levaria muito tempo para prender todos os outros. Mas e se ensinassem as vítimas a colocarem elas mesmas os seus cadeados? E se essa prisão chegasse a ser considerada aceitável, ou até mesmo inexistente com o passar dos anos?
O nosso cenário é um reino registrado e reconhecido como um dos melhores lugares para se viver. Os outros reinos espalhados pelo mundo o apontam como um paraíso prometido, digno de louvores e elogios soltos durante o jantar.
As luzes espantam a escuridão, mas ainda deixam sombras. Não é possível esconder tudo para sempre, em algum momento a história deve estourar. O resto do reino está abandonado atrás dos grandes muros, espalhados pelo gigantesco território, de costa a costa, soltos nos ventos frios das montanhas, em brisas de campinas floridas, em sussurros de ilusões.
– Um fantoche não está em posição de levantar a mão para o seu manipulador, ao menos que este permitisse. – gritara o líder da guarda.
Ao menos se cortassem os fios. Se levantassem a cabeça quando os nobres passassem. Não desviassem os olhos daqueles que foram seus iguais em outros anos.
Se ao menos, por um segundo, todas as vozes que já foram mudas, levantassem em alto e bom som, para qualquer um que pudesse escutar: “Ainda estamos aqui!”.

Revolucionários, guerreiros, humanos, ents, gigantes. A vida transforma-se em faces ávidas por justiça, ganância e poder, mãos estendidas em dedos magros, arranhando a existência na luta por algo a mais.