Viveu em um país turbulento, assolado por guerras civis. Tinha 9 anos quando começou a primeira guerra civil depois de sua emancipação. Depois, outras tantas. Aaron mesmo menino viu e viveu momentos de sangue, choro e desespero enquanto o poder passava das mãos do líder Patrice Lumumba (assassinado em 17 de janeiro de 1961), para as de Kasavubu daí, para Moïse Tshombe depois para Mobutu e ainda Laurent-Désiré Kabila.
Durante o período da guerra fria, o Congo situado em uma região estratégica do continente africano foi palco de lutas fratricidas incentivadas pelas grandes potencias militares. Che Guevara um dos grandes comandantes da Revolução Cubana combateu ao lado da rebelião Simba no leste do Congo, mas não obtendo sucesso voltou para a América onde foi morto na Bolívia. Aaron estudava na Universidade de Kinshasa quando concorreu para uma bolsa PECG, (Programa de Estudantes Convênio de Graduação). Depois de uma aventurosa viagem chegou ao outro lado do oceano em 23 de fevereiro de 2012 e 4 dias depois em Belém.
Começou para Aaron uma experiência inédita viver como estrangeiro em pátria ignota e longínqua. Experimentou na cidade de Santa Maria de Belém – propalada por seus habitantes, afável e acolhedora – a discriminação, o preconceito, o racismo, dentro e fora da Universidade. Estrangeiro na fala, na cor, na culinária, na religião. Trazia consigo as contradições de uma sociedade patriarcal e matridescendente, onde animismo e cristianismo convivem e se misturam sob a espada ameaçadora dos interesses das corporações internacionais, que lá como aqui nos empobrecem. Nessa Belém madrasta ele e guineenses, caboverdianos, jamaicanos, angolanos, são reconhecidos filhos de uma só África desconsiderando as inumeráveis diferenças.
Abordado como exótico, inúmeras vezes, foi obrigado a responder: “a África não é um país é um continente.” Nesses seis anos de Brasil foi violentado na Praça da República, ameaçado nos ônibus, destratado no Pronto Socorro.
Devemos ler o Outro Lado do Oceano como se nos olhássemos no espelho. Mas, o Aaron, já quase brasileiro, tem coragem e esperança de que tanto deste lado do mar oceano como do outro vivam crianças belas. E esperamos que em pouco tempo possamos estar lendo o De Volta a Kinshasa.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Aaron Kadima
- ASIN: B079F4M7W9
- Idioma: Português
- Tamanho: 404 KB
- Nº de Páginas: 162
- Categoria: Biografias e Histórias Reais
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro O outro lado do oceano, escrito por Aaron Kadima. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.