O Metal Mais Denso

Segundo livro do autor Pedro Oliveira, “O Metal Mais Denso” traz à tona a síntese entre o novo estilo mais profícuo e generoso, amadurecido do poeta, com o resgate de poesias antigas e renovadas, encadeando a nostalgia do non sense pueril e da inovação amadurecida do seu estilo agora cristalizado. Traz o absurdo e o sublime de mãos dadas como se fossem amigos antigos.
A crítica mordaz e o despeito quase gratuito, polemista, em busca de reflexões e constatações desconfortáveis – ,as importantes – é uma configuração destoante da primeira obra, que apenas ensaiou discretamente este movimento.
A espiritualidade volta, numa contenda metafísica no qual Cristo é ora desmerecido, outra exaltado como Apolo-Cristo, evocando a beleza divina e a carnal, quase pecaminosa tal qual Adelia Prado.
A reverência ao clássico e ao mundo greco-romano continua mais presente do que nunca, tanto nos poemas mais antigos, inclusive anteriores aos da primeira obra, resgatados, quanto nos mais recentes e frescos, os quais apenas os que possuem argúcia e intimidade com a obra saberão diferenciar estes daqueles.
Um conto despretensioso envolvendo elementos tolkianos é trazido aos leitores como que por acaso, como também uma peça pronta para ser montada ao final, trazendo o que há de mais íntimo e cruel, numa exposição e vulnerabilidade que antes eram cifradas pela lírica. O tema dramático aqui trazido é complementado com as músicas margeiam este livro, pontuando alguns poemas insuspeitos. Músicas nunca antes gravadas, mas cujas melodias silenciosas podem perpassar pelos ouvidos dos leitores mais atentos.
Por fim, O Metal Mais Denso traz o amadurecimento, o passado, o futuro, a música e a continuação multitemática do primeiro livro “Pássaro Assimétrico” numa transmutação mais densa e ferrosa, se revelando mais próximo e brilhante do que o voo distante do Pássaro antigo e sua poética área e peregrina. Sendo a poética de “O Metal Mais Denso” um convite aos sentidos, no qual quase é possível tocá-la de tão sólida e palpável, separada apenas pela tela-papel. Atreva-se a tocar no impossível.