O manicômio dos brinquedos quebrados: e outras histórias da quarentena

Uma gata observa o seu dono decair em uma agonizante melancolia; um escritor paranoico se contorce ruidosamente por conta de um poema possivelmente mal escrito no meio do vazio do Cerrado; um menino dá o seu primeiro beijo e o seu último suspiro; o presidente de uma República distante conchava com seus ministros um golpe de Estado; e um rapaz da alta sociedade se aventura na prostituição burlesca da Capital. O que une essas histórias? O aparecimento de uma doença misteriosa que embaralha a vida dessas personagens de maneira irrevogável e sela os seus destinos.

A pandemia de COVD-19 gerou uma série de questões existenciais, políticas e sociais. Essa antologia de contos reflete tangencialmente sobre as agonias e tristezas do isolamento, da vida e da morte. Desde as “Memórias de uma gata chamada Margarida”, que faz uma profunda reflexão do absurdo da existência humana e incapacidade do homem para solidão, através do olhar de uma felina ácida, até o drama pessimista de “O manicômio dos brinquedos quebrados”, que é inundado pelo decadentismo beatnik, os contos esmiúçam de maneira irônica e, às vezes, tocante, temas como política, religião, sofrimento, paranoias e primeiros amores.