o livro das coisas que acontecem por aí

Nos cenários em geral noturnos que o autor cria, desfilam toda sorte desajustados: homens solitários, amores rejeitados, esquecidos, abandonados, casais em conflito e profissionais desesperados. E no meio destas figuras sombrias todas, surgem alguns raros heróis urbanos: um homem disposto a fazer seu casamento dar certo ou um filho relegado que se arrisca para defender uma vida. Estes poucos heróis são aqueles que dão a esperança de que as histórias sórdidas que se desenrolam nas madrugadas, e que muito bem poderiam acontecer com qualquer um de nós, não sejam assim tão terríveis.

Felipe Tazzo foi buscar esses tipos impagáveis nas noites campineiras, que ele se orgulha em freqüentar. Muitas das referências são bastante óbvias. O Bar do Mineiro, freqüente cenário para coisas que acontecem por aí, é uma leitura distorcida do Bar do Gaúcho, localizado em frente à faculdade que o diplomou publicitário. Da faculdade de publicidade saiu também um dos seis ilustradores do livro, Nelson Ayres. Os outros artistas que forneceram as imagens são: Mavi Massei, Julio Antonaccio, André Vanini, Vanessa Marques, que é responsável pela diagramação da obra e Santiago Martins, também responsável pela capa e companheiro de trabalho na 3S Projetos, a produtora de arte e cultura onde Felipe trabalha desde que se formou.

O teor corriqueiro, ácido e inspirado em fatos cotidianos que Felipe Tazzo trabalha em seus contos é uma visível inspiração da literatura pop, o novo movimento literário que surge neste começo de século. A literatura pop vista em autores jovens já estabelecidos no mercado editorial, como Clarah Averbuck e André Takeda (duas declaradas influências do autor) têm surgido em blogs e sites na internet e mostra claramente a forma inocente, musical e referenciada no mundo moderno de ver os turbulentos ritos sociais que os autores experimentam. É como se cada história já viesse com trilha sonora em MP3.

Nos tempos de facebook, myspace, msn, celulares abundantes e amores rápidos, as personagens de Felipe Tazzo buscam incessantemente por uma saída para seus dramas diários. Ou, como explica Bruno Ribeiro, jornalista, na contra capa do livro sobre Felipe: “Quando registra o cotidiano das calçadas, dos bares imundos, dos prostíbulos e dos homens solitários que habitam estes universos, faz com que o efêmero seja perene e o comum seja excepcional.”