O Jegue que Virou Celebridade

Sem a pretensão de exercitar a crítica literária, que positivamente não é a minha praia e muito diverge da temática jurídica, mas como simples e curioso leitor que sou, não me contive diante da leitura do livro do poeta barreirense Roberto de Sena intitulado “O Jegue que virou celebridade” e confesso que há muito não dou tantas e tamanhas risadas com a leitura de um livro. Da última vez em que um livro me fez sorrir tanto foi acerca de uns quatro anos atrás, surpreendido pelo grande escritor cotegipano Alberto Mariani que me presenteou com um exemplar do seu ainda inédito “O Prefeito Corrupto”, que também qualifico como excelente trabalho dentro do mesmo estilo. O livro de Sena me trouxe à lembrança, célebres e engraçados personagens da política brasileira de ontem e de hoje, e tantos outros personagens hilários de grandes literatos nacionais. Revivi alguns de Dias Gomes, outros de Jorge Amado e, sobretudo, o livro me trouxe à memória a obra prima de Sebastião Nery, o seu “Folclore Político” que povoou meus tempos de universidade e de movimento estudantil, trazendo à cena, em épocas ainda de repressão, a ridicularização dos tipos políticos mais estapafúrdios existentes e a homenagem a perspicácia elogiável de tantos outros. Em resumo e acima de tudo, como mistura eficiente de ficção e realidade que é, a obra se presta ao que realmente se propõe, ou seja, a fazer o leitor sorrir e se divertir. E até mais, ela transcende o humor caricato para flertar com o regionalismo mais vivo e nos trás a face do Sena cronista, do Sena da prosa madura, totalmente diferente do Sena poeta. É um livro elogiável simplesmente aos olhos do leitor e por isso parabenizo seu autor com a certeza de que não faço o elogio fácil.
Valter Santana