O gato e outros contos felinos | Clássicos & Contemporâneos n° 5 | Ficções Pulp!

Os gatos são um mistério para a humanidade. Presentes em nossos lares, mas ainda selvagens, donos de hábitos peculiares e exigências nada modestas, os felinos escondem medos e adorações desde a alvorada da civilização. Uma vez vistos como figuras divinas no Egito Antigo através da representação da deusa Bast, passaram desta posição privilegiada à associação com ritos malignos e forças sombrias. Agora a civilização digital do terceiro milênio os coloca novamente no pedestal, inundando a internet com vídeos e fotos.

Durante todo esse tempo, um grupo certamente nunca deixou de admirá-los e adorá-los. Falamos, é claro, dos aedos, skalds e tantos outros tipos de contadores de histórias, sejam do presente, passado ou futuro. Por sua vivência às vezes marginal, quem escreve se identifica com os gatos e faz deles personagens ou temas em suas narrativas.

Para capturar essas imagens tão diferentes que tais animais fofos, mas enigmáticos, evocam, nossos autores escreveram contos nos quais os gatos deixam suas marcas. Seja como formas protetoras contra inimigos deste ou de outro mundo, buscando melhores condições de vida ou como destino final de suas existências, os felinos estão presentes e nada mais será o mesmo após encontrá-los.

Abrindo com uma tradução inédita, em “O Gato”, de E. F. Benson, um pintor torna-se famoso ao apresentar três quadros maravilhosos; no entanto, sua carreira de sucesso acaba no mesmo estalar de dedos em que começou ao encontrar-se com um gato.

DerMond, com “Filho da Puta”, apresenta Caio, que sempre achou que era um bom dono para seu gato. Porém o felino pensava diferente… E ele descobriria isso da pior forma.

O gato Mingau é protagonista de, grande revelação!, “Mingau”, escrito por Leonardo de Minas. Uma vida felina meio aborrecida muda com o repente e a violência de um assalto, derivando numa viagem em que sobreviver é o tema, e só a curiosidade pode trazer de volta o que muito se perdeu.

“O filho da Deise”, de Marlon P Silva, apresenta um caso interessante: Fabrício se envolve com Deise, uma mulher mais velha e marcada por tragédias na família. O rapaz tem a intenção de se aproveitar do momento de vulnerabilidade dela para arrancar algum dinheiro, mas, quando coisas estranhas começam a acontecer, percebe que seu objetivo não será alcançado tão facilmente.

“Os gatos te esperam” é a promessa anunciada na história de Anderson Rodrigues. Hugo é um estudante em crise, preparando-se para sua última prova importante. Tudo o mais perde a importância, principalmente a lenda envolvendo os gatos da universidade. Mas e se ela for mais real do que aparenta?

Em “Gato e Canela”, de Schleiden Nunes Pimenta, uma mulher declara guerra a um gato preto, confiante na ideia de que tudo de ruim, do arroz queimado à chuva forte, é culpa do felino. Toma uma decisão fatal após se ver diante da morte.

Bruno Dunkel Schwarz faz em “Leal feral” um estudo sobre a humanidade e seus elementos. Livres como passarinhos. Leais que nem cachorros. Ferais que nem…pessoa-gato nunca domesticada. Silvestre mostrou cedo. Lina aprendeu tarde. Vera sumiu antes que fosse tarde. E bum!

Com “A velha dos gatos”, Ricardo R. Gallio mostra um grupo de fofoqueiros que dedica seu tempo a falar de uma velha senhora, mas quando ela desaparece, os futriqueiros decidem saber o que aconteceu.

Fechando a edição, Gutenberg Löwe traz “A escuridão decantada em seu olhar”. Após perder os pais por conta da gripe espanhola, uma moça se muda para a fazenda do avô e eventos estranhos se desenrolam ali.

Nove contos, nove vidas diferentes apresentadas a vocês na mais nova edição da Clássicos e Contemporâneos.