O Fim do Novo Mundo

Durante toda a história a humanidade lutou contra os números, eles trilharam o caminho improvável para conseguir sobreviver, tiveram que reescrever as próprias leis da natureza, e as mesmas não pareciam gostar disso, por isso, começaram a fazer de tudo para que a raça humana viesse a cair em algum momento. O caminhar dessa raça tão magnífica sempre fora improvável, mas, ainda assim, eles conseguiam, sempre davam um novo passo. Até mesmo quando caíram, quando perderam a eterna guerra que traçavam contra a natureza, eles conseguiram dar um jeito de sobreviver.
Quando a humanidade estava próxima do seu fim eles construíram uma Máquina capaz de administrar o mundo, um computador cujo objetivo seria governar o mundo humano com sabedoria. Trazer um pouco de matemática e lógica para ajudar uma raça que, durante toda sua história, governou apenas com emoção, essa era a última esperança da humanidade se permanecer viva. Essa fora, provavelmente, a primeira e única atitude humana e sábia.
Por muito tempo o Império reinou, houve paz no governo racional que se formou quando alguém capaz assumiu o controle, mas a natureza parece estar disposta a fazer a humanidade sumir de vez. O destino, os deuses, a gravidade, ou seja lá qual força invisível que tenha se dado o trabalho, parece estar disposta a fazer de tudo para que o futuro seja livre daquela que, para alguns, é a maior praga existente.
A história se passa em uma cidade alternativa, em um local criado para abrigar pessoas incapazes de viver normalmente, doentes que precisam de uma vida de tratamento especial. Tudo começa quando um desses doentes começa a ameaçar a Máquina e isso, por algum motivo que ela não sabe até então, causa um tremendo desconforto na mesma, ela sente que o Império que criou está próximo do fim. Ela agora precisa reavaliar suas ações do passado, entender o motivo de seu medo, uma corrida contra o tempo, cujo o objetivo é evitar a queda da maior construção humana.

“(…)“Apesar de estarem isolados da verdadeira humanidade, eles tinham uma sagacidade única, uma capacidade de improviso que não há palavras para descrever. Havia uma capacidade gigantesca para resolver qualquer problema, eles eram capazes de utilizar qualquer objeto para resolverem seus problemas. Uma doença grave fora resolvida por uma planta encontrada em algum lugar, um sangramento foi estancado por uma camiseta e, por fim, pais conectavam fios de maneira estranha para fazer com que brinquedos funcionassem. Era simplesmente incrível.” Aqui sou obrigado a parar a narração para fazer uma observação: há sim uma palavra para descrever o que era feito no vilarejo, uma expressão que existia em uma língua primitiva que já se perdeu no tempo, mas a mesma era o português. Um dos países adeptos a tal idioma, Brasil, era definido perfeito por tal palavra, o conceito de nação deles poderia ser descrito por “gambiarra”. Além disso, havia um personagem forte na cultura mundial que era a personificação dessa palavra, esse se chamava MacGyver. Se o soldado conseguisse entender essa expressão e esse personagem, ele conseguiria saber a arte do improviso feita ali, como aquele povo se adaptou e construiu tendo tão pouco em mãos, como utilizaram cada instrumento como material para melhorar sua nação. Não saber descrever o improviso realizado ali ilustra também a confiança que a humanidade tem em mim: eles vivem em um mundo onde eu ofereço os cálculos, onde eles não evoluem a base de improvisos. A arte de se adaptar e de fazer o mundo se curvar já foi comum, saber superar  quaisquer adversidades foi uma das coisas que fez a humanidade chegar tão longe. Enfim, agora posso voltar com o relato do soldado, apenas precisava fazer essa observação inútil. “