O fardo da lucidez

O fardo da lucidez conta a jornada de um jovem médico, Dante Portofino, por meio de suas anotações privativas, em uma instituição psiquiátrica. Dante se percebe inserido em um contexto de pessoas com motivações e objetivos corruptos e egoístas; dessa maneira, o médico, indignado com tudo o que ocorre, tem de encarar as suas limitações e sua humanidade para ajudar os pacientes a se libertarem da lógica implementada; para, por dentro do sistema, mudá-lo.

A faísca para a jornada insubordinada de Dante Portofino tem origens diversas, mas a situação muda de figura, verdadeiramente, quando ele começa a dar ouvidos de uma forma diferente a Malda, uma paciente brilhante, ex-professora, diagnosticada com esquizofrenia. Dante se encanta com suas visões únicas a respeito de todas as facetas da experiência humana e dá voz e corpo a sua expressividade, ao aceitar e encenar os delírios de Malda de uma forma irregular e contrária aos protocolos. Dante entende a história de Malda e percebe que esta é permeada por muito sofrimento, por causa do seu diagnóstico. Uma vida destruída pela simplicidade de uma classificação.

Com O fardo da lucidez você possivelmente poderá concluir que Malda, a mais retratada paciente de Dante, carrega um fardo muito grande; que a “loucura”, como descrita e explicada pelos “sãos”, possa de fato ser sintoma ou fruto de uma lucidez individual . A vanguarda tem um charme maravilhoso, mas é um caminho obscuro e duvidoso; acompanhe Dante em sua jornada de questionamento e entenda que, talvez, a vida como descrita por Malda possa ser mais bela!