O Efeito Brisa

Trata-se de uma narrativa em primeira pessoa. Tem como protagonista um garoto introspectivo e antissocial, sendo afetado diretamente pelo desprezo afetivo da mãe, que após a chegada do segundo filho se torna totalmente indiferente a sua pessoa; ele se sente traído e esquecido num canto escuro da sua própria existência. Aprende a ler antes de completar seis anos, sendo esse, seu maior orgulho na infância, e se afunda na relação com seus brinquedos e livros. Sua vida familiar é difícil, a ausência paterna, o desprezo materno, a hostilidade das outras crianças, os bullyings, tudo isso somado com as dificuldades habituais de uma família pobre dos anos oitenta, o impelem para dentro de si mesmo, em uma busca reflexiva por respostas existenciais. Ele se torna um jovem com dificuldades de relacionamento, a escola, a família, o prédio onde morava na zona Leste de São Paulo, eram palcos para seus conflitos mais beligerantes, sua fuga, e refrigério estavam na contemplação da natureza, nos seus soldadinhos, nos livros e nas árvores do Parque do Carmo, eram as árvores, e os elementos da natureza que lhe acariciavam a alma, que supriam a necessidade do abraço e afeto materno; sua busca por carinho e atenção o levam longe, o fazem penetrar no seu mais profundo abismo, em lugar de afeto ele encontra o medo, a angústia e a solidão. Uma narrativa onde os personagens são todos anônimos, com exceção de Brisa, ela cruza o caminho do nosso protagonista, sua refrescância, sua leveza, seu efeito, penetram no profundo do jovem moribundo que abandona seus questionamentos para seguir a vida, que nunca imaginou que pudesse existir fora do seu abismo interior