Meus Senhores: Com o mesmo direito com que os catholicos realisam a sua propaganda e as suas peregrinaåòes a Roma, emprehendemos nðs, livres-pensadores, a nossa cruzada, náo para saudar os velhos cardeaes do Vaticano, verdadeiros cadaveres ambulantes, uma especie de mumias petreficadas, symbolisando a Morte, mas para celebrar a Vida, a Natureza, o Cosmos, em todo o seu esplendor, em toda a sua grandeza, em toda a sua magestade, na pessoa dos sabios, dos philosophos, dos poetas, dos artistas, dos escriptores, dos homens de lettras o dos jornalistas, seus legitimos e authenticos representantes. Com effeito, o poder espiritual do papa ç o poder da mentira, do erro, do prejuizo grosseiro, o poder do embuste, o poder da treva, da hypocrisia, do fanatismo e da superstiåáo. O seu poder temporal representaria uma usurpaåáo criminosa, condemnada pelo proprio Christo que mandava dar a Deus o que ç de Deus e a Cezar o que ç de Cezar. Para nðs, livres-pensadores, para o mundo moderno, ha um unico poder espiritual’a sciencia, e um unico poder temporal’o trabalho. Sim, meus senhores, fñmos a Roma, náo para provocar o escandalo, o que seria improprio de homens que possuem uma educaåáo philosophica desenvolvida, mas para dar aos jesuitas, aos papistas, aos ultramontanos e aos reaccionarios, de todas as cñres e matizes, o exemplo da nossa cordura, da nossa serenidade, da nossa reflexáo e da nossa tolerancia. Fñmos a Roma para proclamar com Haeckel, o celebre anti-papa, como lhe chamavam alguns, a consolidaåáo definitiva d’um poder laico, fundado sobre a justiåa. Fñmos a Roma, para combater essa terrivel e poderosa hierarchia que se chama o Papismo ou o Ultramontanismo, e que se manifesta sob diversos aspectos, todos contrarios ß natureza, ß razáo e ß moral: o celibato clerical; a confissáo auricular; as indulgencias que transformam o catholicismo em mercantilismo de judeus repugnantes, e a fç no milagre que gera o fanatismo e a superstiåáo. Fñmos a Roma para affirmar com Berthelot, outro notavel anti-papa, que toda a educaåáo, para ser solida e efficaz, deve libertar-se da influencia religiosa, que, ß semelhanåa de uma immensa teia de aranha, tudo envolve e aåambarca. Fñmos a Roma para demonstrar solemnemente que a religiáo náo ç a padrice, como dizia Ramalho Ortigáo, nem a loucura, a idiotia, a que Oliveira Martins chamou allucinaåáo bifronte, nem o delirio chronico, na opiniáo de um psichiatra francez eminente, porque, n’esse caso, teriamos tambem que admittir o alcoolismo como um dos aspectos da religiáo. Fñmos a Roma, para dizer bem alto, com o professor Sergi, que todas as religiòes, pela sua immobilidade, sáo imcompativeis com o progresso mental e moral das sociedades modernas. A religiáo, pela sua natureza e pelo seu valor, pðde e deve considerar-se como um phenomeno pre-historico. È o producto d’uma epocha barbara, originada na ignorancia e no medo do inferno. A substancia de toda a religiáo ç o fetichismo. E o catholicismo baseia-se, precisamente, sobre o fetichismo e o terror das penas eternas, uma especie de inquisiåáo, em que o Papa, Torquemada das consciencias, pretende impñr-se em nome de um Deus cruel, vingativo e odiento. Sob este ponto de vista pois, devemos dizer, e foi esta a primeira conclusáo do Congresso’que o livre pensamento ç, essencialmente e fundamentalmente, anti-religioso
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Jaime Lima
- ASIN: B00AFE5CCM
- Editora: Library of Alexandria
- Idioma: Português
- Tamanho: 356 KB
- Nº de Páginas: 25
- Categoria: História
Amostra Grátis do Livro
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