O CIRCO DA CRUZ

Ali está o cristo de prata com sua malha de escamas prateadas brilhantes e sua máscara branca que tanto realça a grande boca desenhada em vivo vermelho. O que se segue jamais terá explicação à luz das ciências exatas. Nenhum ser humano sobe ao espaço sem se valer de algo concreto como uma corda ou um gancho, nem rodopia numa velocidade espantosa produzindo o zunido de um pião e o lufar de um vento repentino. Depois de pousar no chão, começa a desfilar efeitos de luzes absolutamente inexplicáveis que tomam forma de objetos, esferas, setas, estrelas, corações, que dançam e ziguezagueiam ao comando de seus dedos. O bailado perdura até o cristo desaparecer por uns instantes para reaparecer montado num brilhante cavalo alado, crina prateada balançando ao vento produzido pelas longas asas luminosas que batem surdamente sobre as cabeças atônitas dos felizardos presentes. Um breve voo circular até a cruz apagar repentinamente e todas as imagens fantásticas ficarem definitivamente guardadas nas mentes dos que passariam a crer e contestar com igual convicção essa realidade abstrata.