O amor pode estar em qualquer lugar: na fila do banco, na mesa do bar, na cadeira da frente do ônibus de viagem. O amor é tão imprevisível quanto bater o dedo mindinho do pé nos móveis de casa em uma sala escura. Para Iara e Chico não foi diferente: duas pessoas de mundos diferentes, separados por quilômetros de distância, que foram unidos por duas crises de ansiedade sincronizadas. Não foi na fila de um banco, mas foi em um aplicativo de telefone. Não foi um esbarro em um corredor, com livros caindo no chão, os dois abaixando-se para apanhar e tocando as mãos. Foi pela necessidade de alguém para desabafar e cuspir as frustrações que, muitas vezes, a gente guarda pra si. Iara e Chico se encontraram pelo acaso, ou talvez porque precisavam se encontrar. Na verdade, o motivo não importa muito, mas as consequências daquele encontro.
Quando duas vidas batem de frente de uma forma tão repentina, dificilmente esse acidente não deixa sequelas. O sentimento que os dois sentiam, que iniciou-se com carinho por um estranho que doou minutos do seu tempo para escutar lamentos alheios, transformou-se em algo mais forte, mais concreto, quase palpável. Era algo bonito, descomplicado, sem cobranças. Era uma espécie de amor, pensavam, mas não conseguiam explicar em que classificação de amor de platão aquele sentimento se encaixava. Era só amor, com todas as limitações que a distância impôs.
Este amor cresceu a ponto de não caber mais em mensagens e telefonemas, e exigiu mais. Ele pedia um abraço, um cafuné nos cachos de Chico, um cheiro no cangote de Iara. Exigia contato físico, troca de olhares a centímetros de distância, gargalhadas audíveis que não fossem saidas de um microfone. Quando o amor exigiu isso, Iara e Chico se virão perdidos. O amor deixou de ser confortável e passou a ser sufocante. A vontade de se ver crescia a cada conversa que tinham. Um relacionamento à distância estava fora de cogitação. Quando você passa dos vinte anos, com obrigações pendentes, boletos atrasados e a possibilidade de ser preso se roubar chocolate de um supermercado; tudo que não estar ao alcance das mãos é facilmente esquecido em meio ao turbilhão de preocupações.
Então, valeria a pena arriscar tudos para se encontrarem e viver semana juntos, sabendo que aquele momento teria data de validade; ou seria melhor tentar sufocar o sentimento até ele morrer, como uma chama que se apaga com a ausência de oxigênio?
Quando duas vidas batem de frente de uma forma tão repentina, dificilmente esse acidente não deixa sequelas. O sentimento que os dois sentiam, que iniciou-se com carinho por um estranho que doou minutos do seu tempo para escutar lamentos alheios, transformou-se em algo mais forte, mais concreto, quase palpável. Era algo bonito, descomplicado, sem cobranças. Era uma espécie de amor, pensavam, mas não conseguiam explicar em que classificação de amor de platão aquele sentimento se encaixava. Era só amor, com todas as limitações que a distância impôs.
Este amor cresceu a ponto de não caber mais em mensagens e telefonemas, e exigiu mais. Ele pedia um abraço, um cafuné nos cachos de Chico, um cheiro no cangote de Iara. Exigia contato físico, troca de olhares a centímetros de distância, gargalhadas audíveis que não fossem saidas de um microfone. Quando o amor exigiu isso, Iara e Chico se virão perdidos. O amor deixou de ser confortável e passou a ser sufocante. A vontade de se ver crescia a cada conversa que tinham. Um relacionamento à distância estava fora de cogitação. Quando você passa dos vinte anos, com obrigações pendentes, boletos atrasados e a possibilidade de ser preso se roubar chocolate de um supermercado; tudo que não estar ao alcance das mãos é facilmente esquecido em meio ao turbilhão de preocupações.
Então, valeria a pena arriscar tudos para se encontrarem e viver semana juntos, sabendo que aquele momento teria data de validade; ou seria melhor tentar sufocar o sentimento até ele morrer, como uma chama que se apaga com a ausência de oxigênio?
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Gabriel Jucá
- ASIN: B08LB4MNBP
- Editora: Gabriel Jucá
- Idioma: Português
- Tamanho: 1389 KB
- Nº de Páginas: 76
- Categoria: Literatura e Ficção
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro O Beijo Que Guardei Pra Ti, escrito por Gabriel Jucá. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.