O Artífice e a Pedra Bruta: Infância e Juventude

Neste livro, o leitor vai encontrar a primeira parte do relato de uma história de vida. Histórias de vida são sempre interessantes, porque elas nos provocam os mais variados sentimentos: identidade, curiosidade, empatia, humor, tristeza, raiva, alegria…. Aqui, vamos acompanhar a infância e juventude do menino David, pertencente a uma família pobre que lutou com todas as suas forças por uma vida melhor no contexto da periferia da megalópole de São Paulo.
A zona leste desta cidade é conhecida por abrigar um número de habitantes oriundos do Nordeste brasileiro maior do que a população de alguns Estados nordestinos. Nela, o drama humano ocorre em todas as suas nuances, pois a região é palco privilegiado da luta por cidadania. É ali que transcorre, principalmente, a história de David, tendo como “epicentro” o bairro da Penha (um dos mais antigos), e transbordando por suas adjacências.
Mas Davi é menino inquieto e vai além: nunca perde as oportunidades de conhecer outras cidades, e suas aventuras nesses locais mais distantes também são aqui narradas, o que faz com que a leitura provoque no leitor a sensação de estar também viajando…
Assim, o que o leitor tem em mãos é um rico relato de episódios simples da vida de um garoto tornando-se rapaz em um ambiente marcado por grandes dificuldades. Em meio a elas, David vai tecendo relações com outros personagens (parentes, amigos, garotas, colegas de escola, rivais etc.) e assim constrói sua personalidade. Estão presentes no relato praticamente todas as características sociais que conformam a vida na periferia de São Paulo: a violência urbana, a precariedade dos serviços públicos, os sonhos, as formas de se divertir, tudo isso visto pela perspectiva de um menino que vai crescendo neste contexto.
Por tudo isso, o conteúdo da primeira parte de “O Artífice e a Pedra Bruta” ultrapassa os limites do relato de uma vida particular, e ganha os contornos de radiografia de um lugar social específico: o de um filho de família pobre moradora da periferia que, como tantas outras, luta por dignidade em um contexto adverso a esse direito.